Enviada em: 14/04/2019

O período do Renascimento, iniciado no século XIV, foi responsável por trazer a figura humana para o centro dos debates e dos interesses, colocando tudo ao seu dispor. Desse modo, a natureza foi incluída no processo, e, desde então, o homem a explora em nome do lucro. Nesse contexto, pode-se pensar nas grandes empresas modernas e nos crimes ambientais que elas cometem, bem como a reincidência deles e a gravidade dos danos acarretados à natureza e à população. Ao mesmo tempo, observa-se a inoperância estatal diante do tema e a dissimulação das empresas envolvidas. Logo, medidas são necessárias para amenizar as consequências desses crimes e evitar futuros desastres.       A princípio, é preciso delimitar que dentre esses crimes está o rompimento de barragens de minérios. Como exemplo, cabe citar o rompimento de uma delas em Brumadinho. É importante ressaltar que as consequências desse tipo de tragédia são enormes, visto que além das mortes - mais de duzentas nesse caso -, há poluição da água dos rios e também perdas irreparáveis na memória afetiva devido à destruição de casas. Por sua vez, a Vale, empresa responsável, pouco fez para mitigar os danos e evitar que isso acontecesse, tendo em vista que esse mesmo episódio aconteceu em 2015, em Mariana. Com isso, percebe-se que o pensamento desenvolvimentista galgado no lucro é superior à segurança da população e permite que crimes como esse continuem acontecendo impunemente.       Por conseguinte, é indissociável a parcela de responsabilidade estatal no assunto. Nessa conjuntura, o Estado demonstra pouco interesse em questões ambientais e parece governar em nome de grandes empresários, dado recentes tramitações de flexibilização da legislação ambiental, mudanças no código de mineração e falta de cobrança em relação a multas destinadas às empresas que danificam a natureza. Por essa razão, depreende-se um atentado à democracia, pois, de acordo o filósofo Aristóteles, o objetivo desse regime político precisa ser o bem-estar do povo, caso contrário não é democracia, mas demagogia.       Fica claro, portanto, que a ineficiência estatal e a letargia das empresas permitem a reincidência desses desastres. Para mudar esse cenário, ONGs ambientais, junto da população, devem fazer manifestações e abaixo-assinados a fim de pressionar o governo para que haja enrijecimento na legislação ambiental e cobrança efetiva das multas empregadas, com o objetivo de acabar com a impunidade desses crimes. Em soma, o Ministério Público deve cobrar dessas empresas inspeções minuciosas em suas instalações e exigir transparência nos laudos, deixando-os disponíveis para consulta pública. Dessa forma, futuras tragédias poderão ser evitadas, a democracia será fortalecida e a mentalidade renascentista de exploração ilimitada da natureza se tornará, finalmente, ultrapassada.