Enviada em: 30/04/2019

"O rio? É doce/A Vale, amarga" o trecho do poema "Lira Itabirana, de Carlos Drummond de Andrade, de 1984, evidencia a responsabilidade da Vale do Rio Doce por inúmeros crimes ambientais que devastaram cidades. Crimes que têm sua origem na falta de fiscalização efetiva das barragens e na falta de monitoramento dessas por parte das empresas responsáveis.       A priori, é indispensável ressaltar que a Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização de barragens, é um antro de corrupção. Por falta de pessoal, ela permite que a própria empresa fiscalize, recebendo relatórios manipulados, como o de Brumadinho. O documento afirmava que a barragem era "de baixo risco de rompimento" sendo uma completa negligência do Governo.       Em segundo lugar, o imprestável monitoramento realizado pela Vale, também tem sua culpa. De acordo com o presidente da Federação Brasileira de Geólogos, Fábio Augusto Reis, "uma barragem da sinais antes de romper". Observa-se que as razões estão interligadas, visto que sem fiscalização, a empresa não se vê pressionada a monitorar uma barragem, sendo o rompimento causado pela corrupção do sistema.       É inadiável, portanto, que o Ministério de Minas e Energia (responsável pela ANM), disponibilize recursos para a contratação de pessoal para a fiscalização efetiva. Além disso, a Controladoria Geral da União deve realizar uma investigação sobre os episódios de corrupção. Se implementadas, as medidas cessarão as reincidências de rompimentos, por meio do aumento de fiscalização.