Enviada em: 19/04/2018

O sociólogo e autor do estudo intitulado"A pornografia da morte",Geoffrey Gorer,foi um dos principais intelectuais do século XX a falar sobre a mudança do sentido natural da morte para um tabu.De modo que a formação cultural de uma sociedade individualista  que tende a ignorar a existência de um fato- a morte- inibe conversas,familiares e sociais,sobre assuntos de extrema importância,como a doação de órgãos. Além disso,outros fatores contribuem para a manutenção de enormes filas de espera por transplantes:falta de conhecimento básicos sobre o transplante de órgãos e o medo do falso diagnóstico.   A consciência familiar sobre o desejo do paciente ,de doar ou não seus órgãos,é de extrema importância para que exista o minimo de dúvidas caso o tema venha a torna-se uma uma possibilidade real.Apesar disso,com a construção de uma sociedade individualista e a consequente transformação da doação de órgão em um assunto" obsceno" ,a incerteza e recusa a este procedimento ,que pode salvas vidas e ser ao mesmo tempo uma forma de suporte emocional a família em luto, é uma situação comum no Brasil contemporâneo.    De acordo com o Ministério da Saúde ,o Brasil é pioneiro e referência em transplantes de órgãos. Todavia ,de maneira contraditória, a maior parte dos brasileiros desconhece pontos básicos desse processo,como ocorrer em caso de morte cerebral,quadro clínico irreversível e confirmado por mais de um médico, e ser um procedimento totalmente custeado pelo Estado.   Entende-se,portanto, que o baixo número de doares de órgãos está relacionado a uma cultura individualista e a ignorância social sobre o tema.Por esses motivos, o Ministério da educação deve promover exposições artísticas e palestras em escolas ,a partir da sétimo ano,com ensino abrangente sobre o transplante de órgãos,para que os cidadãos comecem desde cedo a construir uma opinião sobre o assunto.Além disso,é necessário que o Ministério da Educação promova campanhas que abordem os dois lados da doação,a dos doadores e a dos transplantados,e que deixe claro a existência do direito ao procedimento gratuito e a permissão de levar um médico de sua confiança para a confirmação da morte cerebral,em programas televisivos,redes sociais e rádios,para que a "obscenidade" da morte e da doação de órgãos sejam desconstruídas e dê espaço a possibilidade de salvar e transformar a vida de várias pessoas que se mantém acamadas e/ou obrigadas a conviver com dores inenarráveis.