Enviada em: 02/11/2017

Segundo lendas, o primeiro transplante de órgãos foi realizado por São Cosme e Damião - gêmeos que detinham conhecimento religioso e médico - que retiraram a perna de um africano morto e a realocaram em um sacerdote de sua igreja. Hodiernamente, a doação de órgãos tem ocorrido com mais frequência e cautela, mas apesar do desenvolvimento técnico na área, há ainda grandes dilemas a serem combatidos, tais como: a falta de esclarecimento por parte da população acerca do assunto e a defasada infraestrutura para o transporte desses órgãos entre os hospitais brasileiros.               Em primeiro plano, está a necessidade de esclarecimento das pessoas. No Brasil, é importante o consentimento familiar para que seja efetivada a doação, no entanto, como a morte constitui-se em um tema tabu, dificilmente é abordada na conversação cotidiana entre os indivíduos. Certamente, para facilitar a tomada dessa decisão que ocorre em um momento de perda e fragilidade emocional é crucial o diálogo entre parentes e profissionais como o evidenciado no documentário "Anjos da Vida", em que uma mãe revela só ter doado os órgãos de seu filho pela detalhada explicação e humanização da enfermeira que a atendeu. Ademais, muitas pessoas desconhecem que podem ser doadoras em vida e contribuir para a melhora da qualidade da saúde de quem tem doenças como o lúpus, assim como pôde a atriz Francia Raisa doar um de seus rins para a cantora Selena Gomez.                De outra parte, está o entrave brasileiro de ser um país continental. Essa condição demanda um transporte rápido e eficiente, já que a maior parte dos órgãos têm um tempo determinado de durabilidade, tal qual o coração que pode ficar aproximadamente 5 horas fora do corpo. Recentemente, foi noticiado pelo jornal " O Globo" que um senhor de Goiânia faleceu devido consequências da doença de Chagas, mesmo depois de ter recebido um coração saudável, pelo vasto tempo de espera na fila. Na mesma matéria encontra-se que mais de 150 corações foram perdidos em decorrência da falta de alternativas de transporte, realizados comumente pela Força Aérea Brasileira de maneira gratuita ou em voos comerciais.                   Fica evidente, enfim, que para aumentar o número de vidas salvas é fundamental a reversão desse cenário problemático. Os hospitais podem distribuir panfletos informativos que visem elucidar a sociedade sobre a relevância da doação de órgãos, explicando os exames feitos no corpo, quais podem ser doados, a estética corporal pós-retirada, o funcionamento da lista dos receptores, a segurança contra o tráfico comercial desses e, ainda, a importância da decisão premeditada e notificada a família sobre o desejo individual de ser doador. Outrossim, o Ministério da Saúde poderia fornecer verbas a FAB, de modo a garantir que o transporte seja sempre realizado.