Enviada em: 31/10/2017

Segundo o escritor Franz Kafka, “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. Entretanto, em uma sociedade cada vez mais individualista e inerte, o postulado perde força e os dilemas das doações de órgãos no Brasil tornam-se barreiras cada vez mais intransponíveis. Em virtude disso, convém analisar as vertentes que englobam a problemática e resolve-la o quanto antes. Em primeiro lugar é preciso compreender que a família e a educação, essenciais na construção do caráter humano, corroboram com a manutenção das filas de transplante. Isso porque o receio em doar os órgãos de seus parentes que sofreram morte cerebral aliada a instituições de ensino que preterem o conteúdo pela construção do cidadão que sabe da importância de ser doador, permitem que as filas nunca acabem. O problema é que, enquanto todos se abstêm, o relógio corre e a fila que parece nunca chegar ao fim, chega, e infelizmente, para que seja a vez de alguém morrer. Outrossim, de acordo com o filósofo Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. Desse modo, fica evidente que o descaso do Estado perante a falta de doadores de órgãos rompe essa harmonia, haja vista que a ausência de políticas públicas intensas que incentivem as doações favorece o cenário atual. Levando-se em consideração esses aspectos, providências são necessárias para resolver a questão. A fim de que o futuro da nação seja composto de indivíduos de caráter e solidários, o Ministério da Educação deve alterar os parâmetros nacionais curriculares e inserir o estudo da importância da doação de órgãos. Além disso, o Ministério das Comunicações em parceria com o da Saúde deve realizar fortes propagandas, para que reiterar a importância da questão à nação. Ademais, as famílias devem compreender que doar o órgão de um ente querido não é mata-lo, mas fazer com que um pouco dele viva em todo aquele que precisar. A partir disso, teremos uma sociedade mais digna e humana, onde as pessoas são a mudança que querem ver no mundo, como desejava o pensador Gandhi.