Enviada em: 01/11/2017

O primeiro transplante de órgão bem sucedido, realizado pelo Dr. Joseph Murray, em 1954, na cidade de Boston nos Estados Unidos, foi um marco na história da medicina e, também, na vida de milhares de pessoas que, mais tarde, necessitariam desse processo para sobreviver.               Embora a taxa de transplantes realizados no Brasil tenha acrescido em 63,8%, de 2004 a 2014, a discussão acerca dos dilemas da doação de órgãos é de suma importância, tendo em vista, que, a lista de pessoas que estão na fila de espera é maior que a oferta de órgãos. Ainda que depois da reformulação da lei, que, anteriormente, previa que todos os brasileiros eram doadores, e que, agora, a decisão final cabe à família, o incentivo a declaração individual e a comunicação no seio familiar de se tornar um doador, é impreterível e deve ser, ainda mais estimulado pelos órgãos públicos.             Sobretudo, sabe-se que a doação de órgãos de pessoas falecidas, só é possível após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica. Haja vista essa realidade, muitos familiares enfrentam uma série de dilemas emocionais e até religiosos na tomada dessa decisão. Conflitos como o apego fraternal e a crença no milagre, oriunda de filosofias cristãs, sustentam a esperança da cura clinica, e, consequentemente, diminuem os índices de autorização da doação dos órgãos. Evidentemente, a falta da compreensão do que, de fato, é a morte encefálica, é um dos contribuintes para a negação.                      Em síntese, medidas devem ser tomadas para resolver o impasse. A fim de promover o esclarecimento necessário, para pessoas se tornarem doadoras em vida, o governo, associado a ONGS, deve inserir um programa de educação relativa ao transplante, visando esclarecer, por meio de profissionais capacitados, os receios, que por ventura, surjam nos futuros doadores. Além disso, cabe às mídias intensificarem o incentivo da doação, mostrando que a perda, pode ser transformada em um ato de solidariedade ao permitir um recomeço a alguém.