Enviada em: 31/03/2018

Em 1968 a equipe médica, chefiada pelo Dr. Euryclides Zerbini, realizou o primeiro transplante de coração da América Latina. Entretanto, apesar do pioneirismo no continente a doação de órgãos no Brasil ainda é um procedimento pouco realizado, fato que pode ser comprovado pela fila de espera com cerca de 35 mil pacientes. Essa situação, é consequência de alguns dilemas relacionados aos transplantes, como a desconfiança em relação à qualidade do serviço público de saúde e à carência de infraestrutura somada a baixa capacitação de grande parte dos profissionais.     Atualmente, o Sistema Único de Saúde possui inúmeros hospitais e funcionários, como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e nutricionistas. Contudo, devido ao mau gerenciamento dos recursos financeiros e à corrupção os serviços prestados pelo SUS estão repletos de falhas, tais quais a desorganização, a burocracia, a insuficiência de profissionais para suprir a alta demanda de pacientes, a falta de medicamentos e material hospitalar. Assim, esse contexto caótico influência diretamente a decisão das famílias em não permitir a doação de órgãos, visto que com a baixa credibilidade do sistema de saúde muitas pessoas têm receio em relação aos cuidados com o corpo de seus familiares ou até mesmo desconfiam da veracidade do diagnóstico de morte encefálica.      Outrossim, a concentração de hospitais com infraestrutura necessária para a realização de transplantes nas metrópoles, bem como a baixa capacitação dos profissionais responsáveis por  orientar as famílias a respeito da doação são problemas que contribuem para o aumento das filas de espera. Afinal, o primeiro problema causa a perda de órgãos saudáveis que foram retirados em cidades pequenas e não chegariam a tempo aos grandes centros cirúrgicos, por exemplo, o coração fora do corpo possui durabilidade máxima entre duas a quatro horas. Por outro lado, os profissionais responsáveis por obter a autorização dos familiares geralmente não conseguem o consentimento, pois aparentam não serem treinados para realizar uma abordagem adequada e esclarecer como será realizado o procedimento.     Logo, apesar do pioneirismo histórico nos transplantes a falta de infraestrutura de hospitais e a baixa capacitação profissional são entraves para a doação de órgãos. Por isso, o Ministério da Saúde deve desenvolver nos hospitais de médio porte, localizados próximos as pequenas cidades, a infraestrutura necessária para a realização de implantes dos órgão com menor durabilidade fora do corpo, como o coração. Além disso, o Ministério da Educação deve inserir na grade curricular dos cursos de medicina e enfermagem estágios em centros de transplantes, como o INCOR para que os estudantes desenvolvam uma comunicação humanizada e objetiva que conquiste o consentimento das famílias.