Enviada em: 12/07/2018

O escritor austríaco Stefan Zweig, ao refugiar-se no Brasil em meados do século XX, escreveu um livro ufanista cujo título é até hoje repetido:"Brasil, país do futuro". No entanto, quando se observa a deficiência de medidas para garantir solidificação de todos os direitos dos idosos no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse profecia é constatada na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse contexto, torna-se evidente o descaso público para com o envelhecimento acelerado dos brasileiros, bem como a necessidade de medidas governamentais para resolver o impasse.  É indubitável que a questão constitucional e a sua ineficiência impulsionam o problema. Segundo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um "corpo biológico", de modo que para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam efetivados. Entretanto, apesar da criação, em 2004, do Estatuto do idoso — um conjunto de leis que garante a qualidade de vida aos longevos — é notório que esse ideal durkheimiano ainda não é firmado. Destarte, é mister afirmar que a regra desamparada não muda a realidade, visto que é ineficiente sua fiscalização e execução, fazendo com que os idosos fiquem expostos a diversos tipos de violência, como agressões físicas e psicológicas, e os tornando vulneráveis a inúmeros golpes.   Ademais, paradoxalmente ao envelhecimento em países europeus, onde o processo ocorreu após seu enriquecimento, no país, os brasileiros envelhecem em plena busca por desenvolvimento. Segundo dados do G1, o número de pessoas no Brasil acima de 60 anos cresceu de 12,6% em 2012, para 13% em 2013. Tal estatística é uma evidência de que a população brasileira está ficando mais velha a uma velocidade muito maior do que ocorre a criação de medidas que solucionem os problemas socioestruturais. Outrossim, as precárias condições do sistema de saúde, aliadas a baixa qualificação de profissionais geriátricos, afetam diretamente o bem-estar dos cidadãos da terceira idade.      É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a concretização de políticas que visem a construção de um Brasil melhor para os idosos. Destarte, a Polícia Civil deve promover a aplicação do Estatuto do Idoso, de forma rigorosa, investigando e punindo efetivamente os infratores. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério da Saúde deve criar cursos de formação para profissionais geriátricos, de modo que se aumente o número de profissionais na área. Além disso, a Receita Federal deve direcionar uma maior parte das arrecadações para melhoria da infraestrutura dos hospitais e das unidades de saúde, visando a melhoria da saúde dos  atuais, e futuros, idosos. Assim, talvez, o Brasil poderá transformar a profecia de Zweig em prática, e não apenas em teoria.