Enviada em: 03/10/2018

Segundo o pensamento do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, a interpretação adequada do coletivo ocorre por meio do entendimento das forças que estruturam a sociedade. Esse panorama auxilia na análise crítica a respeito da situação dos idosos no Brasil, visto que, historicamente, a comunidade marginaliza as minorias, o que promove a falta de assistência tanto da população quanto do Estado para com o idoso, dificultando a sua participação plena no corpo social. Diante desse cenário, cabe avaliar os fatores que fomentam esse quadro, além de debater o papel estatal na inserção desse sujeito.        Em primeiro plano, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos sofre uma periferização social. Assim, ao analisar a sociedade pela visão de Strauss, nota-se que o idoso não é valorizado de forma plena, pois suas necessidades e sua inclusão são tidas como uma obrigação pessoal, sendo que esses deveres, na realidade, são coletivos e estatais. Por conseguinte, os direitos sociais conquistados pelo Estatuto do Idoso são totalmente prejudicados pela negligência social sofrida por essa parcela da sociedade, de modo que esses indivíduos são excluídos, já que não se enquadram no modelo social imposto.        Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar a exclusão e, também, a violência contra o idoso, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios da terceira idade, no Brasil, estão presentes na estruturação desigual e opressora da coletividade, bem como em seu viés individualista, diminuindo as oportunidades de cunho social dessa minoria.         Logo, percebe-se a urgência de medidas públicas que visem alterar o cenário. É fundamental, portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das massas sobre a marginalização dos idosos, por meio de palestras com psicólogos que orientem à população o modo de inserir esses indivíduos no meio social de maneira efetiva. Ademais, é vital a atuação da Secretária da Segurança Pública na difusão de delegacias que atendam as causas específicas da violência contra o idoso. A partir dessas ações, espera-se promover uma melhor condição para a terceira idade neste país.