Enviada em: 15/10/2018

Para Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado. Analogamente, no Brasil, observa-se uma ruptura com essa harmonia, haja vista que, embora se tenha um notório aumento na expectativa de vida no país, muitas são as mazelas enfrentadas pelos idosos. Vítimas do desrespeito, de agressões e do abandono, a terceira idade corresponde a aproximadamente 13% da população nacional e busca, dia após dia, a efetivação de seus direitos civis e sociais.        De início, um olhar atento para a história permite perceber que a relação entre o idoso e a comunidade se transformou com o tempo. Nas sociedades antigas, por exemplo, os mais velhos eram vistos como os mais sábios, sendo, portanto, respeitados e adorados pelos jovens. Contudo, a Revolução Industrial no século XVIII inverteu diversos valores e passou a classificar o homem de acordo com sua capacidade em produzir e trabalhar. Assim, pelas limitações físicas impostas pela própria idade, os idosos passaram a ser considerados "improdutivos", o que os levou à marginalização e à exclusão.        Na contemporaneidade, por sua vez, o envelhecimento populacional alarmou os governantes quanto à necessidade em se investir em políticas de previdêcia, principalmente no que tange à melhoria da saúde pública, da assistência social e da mobilidade urbana. Nesse ínterim, mesmo que o Brasil tenha um aparato legal que resguarde esses direitos, o Estatuto do Idoso, ainda há uma grande discrepância entre a teoria e a prática, uma vez que, na realidade, a terceira idade sofre com maus-tratos, abandono, desvio de pensão ou do dinheiro da aposentadoria. Além disso, muitos utilizam um precário atendimento hospitalar. Por conseguinte, em um cenário marcado pela passividade, é preciso que a sociedade se posicione frente à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores humanos e evitar o pior.        Logo, medidas são necessárias para coibir esse impasse. Dessa maneira, é importante que a Receita Federal, em parceria ao Ministério das Cidades e demais secretarias municipais, direcionem recursos para a realização de oficinas com os idosos, seja por meio de cursos de crochê, de instrumentos musicais ou de culinária, a fim de dar-lhes a oportunidade de aprender e, ao mesmo tempo, contribuir com a sociedade economicamente ativa. Ademais, é fundamental que as escolas de ensino fundamental e médio, por intermédio de psicopedagogos, realize um trabalho frente ao núcleo escolar sobre a empatia e respeito pelos mais velhos com o objetivo de enraizar na educação dos jovens esses princípios. Só assim a harmonia aristotélica poderá ser alcançada.