Enviada em: 03/05/2017

As rugas da sabedoria Na cultura oriental, dentre outras culturas pelo mundo, as pessoas mais velhas são tratadas de forma digna e respeitosa, pois são culturas que valorizam o poder da experiência e entendem que envelhecer é sinal de sabedoria. Já no Brasil, a relação com os idosos é de descaso e abandono, como se a sociedade tivesse esquecido sua história e identidade. Valorizar o idoso em toda sua plenitude, respeitando sua vivência e experiência de vida, é essencial para a busca de uma sociedade mais justa. Segundo uma projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, o Brasil contará, aproximadamente, com 65 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representará 30% de seus habitantes. O desafio, nesse cenário, é uma profunda reflexão sobre o modo pelo qual são tratadas as pessoas mais velhas. Infelizmente, a visão da maioria dos mais jovens é a do estorvo, daquele que ocupa lugar no ônibus, atrasa filas, não escuta direito, dá trabalho e ainda recebe aposentadoria do Governo. Nesse contexto, os idosos sofrem calados por medo e vergonha. São, em muitas vezes, vítimas da própria família, sofrendo violência física, psicológica, sexual, e com a negligência, isso quando não são abandonados em asilos. No dia a dia, enfrentam os buracos nas calçadas, semáforos rápidos demais, além da falta de educação dos motoristas. Na saúde pública, se deparam com a escassez de medicamentos, se amontoam em corredores de hospitais a espera de um leito para internação, dentre outras mazelas. Portanto, é necessário, enquanto sociedade, o enfrentamento dessa problemática dos idosos, educando e conscientizando as crianças e os jovens, tanto nas escolas como nas famílias, sobre a importância do papel do idoso na sociedade. No âmbito do Estado, é fundamental fazer valer o Estatuto do Idoso, intensificando as políticas públicas para oferecer uma saúde pública de qualidade, humanizando o atendimento das equipes multidisciplinares, ampliando a oferta de medicamentos, leitos hospitalares, e exames. Concomitantemente, melhorar as condições de mobilidade urbana, aperfeiçoar os mecanismos de proteção contra maus tratos e violência, priorizar o atendimento nos órgãos públicos e, fundamentalmente, proporcionar-lhes uma aposentadoria digna e justa são medidas indispensáveis para garantir tranquilidade e conforto em uma fase de vida em que o ser humano acaba se tornando tão frágil.