Enviada em: 04/10/2018

Apropriação cultural: uma realidade com caráter inferiorizador      Com raízes históricas, a apropriação cultural ainda é um processo vigente no mundo contemporâneo. No Brasil, durante o período colonial, índios e africanos tiveram seus símbolos culturais banalizados pelo ideário opressor europeu. Sob esse viés, impregnou-se ao imaginário nacional, processos sociais em que distintas manifestações culturais são incorporadas por grupos que as ridicularizam bem como menosprezam seu real propósito. Culturas como a rural e a afro-brasileira, na atualidade, tornaram-se os principais alvos dessa inferiorização.    No mês de junho, ocorre no país uma das maiores festas populares nacionais. A Festa Junina é contemplada em diversos lugares públicos com destaque para o âmbito educacional. Escolas realizam anualmente esse evento com o intuito de enriquecer o conhecimento a cerca da cultura sertaneja. Contudo, a realidade presente em Festas Juninas escolares contraria acentuadamente o verdadeiro objetivo que exalta o morador da região rural. Isso porque, inúmeros adolescentes incorporam a figura caipira atribuindo a ela: o uso de roupas rasgadas e sujas, a fala errada e, principalmente, a utilização de uma personalidade desleixada quanto a aparência e higiene. Situação que pondera a marginalização sociocultural da população rural brasileira.    Outrossim, a resistência e representatividade da cultura negra nacional são constantemente confundidas com aparatos físicos de beleza. Nesse sentido, o turbante, um dos maiores símbolos culturais afro-brasileiros, tornou-se um acessório capilar de frequente uso para várias mulheres que objetivam apenas o teor estético desse objeto. Entretanto, sua utilização deveria vincular-se a uma reflexão madura, antes histórica do que estética, sobretudo por parte de mulheres brancas; que são um dos principais grupos que fomenta a desvalorização desse símbolo de luta negra.    Sob essa análise, é notório a má compreensão da população brasileira a respeito de representações culturais e as consequências dessas imprudentes atitudes. Portanto, cabe ao Ministério da Educação a abordagem do tema nos mais diversos institutos educativos do país, por meio de materiais didáticos e palestras elucidativas que discutam o respeito perante a cultura alheia. Além disso, é essencial que o Ministério da Cultura promova, com maior eficácia, campanhas midiáticas, através de veículos cibernéticos como  o Facebook, que objetivem proporcionar um maior aprendizado sobre os resultados de uma equivocada representação cultural. Dessa forma, a população rural e negra poderão gozar de um elemento que, infelizmente, está escasso na realidade do país: a empatia.