Enviada em: 03/03/2018

Numa realidade sociocultural marcada pela diversidade, a discussão acerca de "apropriação cultural" se torna polêmica. Muitas pessoas acreditam que o assunto se trata da banalização ou redução de outras culturas, porém, elas mesmas vivem rodeadas de elementos de costumes distintos. Além disso, certamente, a premissa da democracia é a liberdade individual. Contudo, será a "apropriação cultural" algo que beneficie isso?        Se um negro usa turbante, este se torna um símbolo de resistência e luta, de acordo com o contexto de discriminação e racismo sofrido por muitos da mesma etnia. No entanto, se um branco o faz, está banalizando ou diminuindo a relevância desse contexto, segundo várias pessoas. Se uma mulher negra usa lenço na cabeça, é bem vista socialmente, mas se outra, de etnia diferente, usá-lo, seja por ter câncer, como foi muito discutido na mídia, seja por qualquer outro motivo, será acusada de "apropriação cultural". Porém, as mesmas pessoas que realizam essas acusações vivem rodeadas de fatores culturais distintos. Consomem tapioca, açaí, guaraná, todos elementos de realidades que, por séculos, foram marcadas pela exploração e resistência indígena. Some-se a isso o uso de perfumes franceses, roupas norte-americanas, o consumo de pizza, de origem italiana, ou de cerveja, de origem egípcia.       Atitudes como essas, obviamente, vão de encontro à ideia de democracia e liberdade individual. Isso, porque, mesmo que as pessoas vivam numa sociedade democrática, podendo viver da maneira que quiser, ainda têm seus hábitos criticados e julgados, de modo que não podem ter sua individualidade. Usar vestimentas ou ter hábitos de culturas distintas, contudo, não é se apropriar disso, mas interligar realidades distintas, dando ênfase ao elemento que marca a sociedade: a diversidade. Diversidade esta que engloba costumes e tradições, tendo estes ligações entre si, e não empoderamento ou subjugamento. Afinal, a premissa mais importante da luta de minorias é justamente a igualdade entre todos, sendo, por isso, algo que deve ser colocado em prática.       Portanto, a relação entre realidades socioculturais distintas é importante para a diversidade social. Palestras públicas devem ser realizadas pelo governo, nas escolas e ruas, para evidenciar essa questão pela qual muitos lutam. Acrescente-se a isso campanhas sociais, como propagandas, outdoors e cartazes, para mostrar que não existe cultura melhor ou pior, apenas existem diversos hábitos e costumes que podem ser interligados. Dessa forma, a ideia de diversidade terá mais importância e menos policiamento nos mais diversos públicos e culturas.