Enviada em: 24/05/2018

A discussão acerca da bipolarização de gêneros, comumente abordada do ponto de vista biológico, apresenta incoerências dogmatizadas em conceitos errôneos que tentam medicalizar um processo não patológico, visto que a divisão sexual dualizada não ocorre em indivíduos humanos nem em espécies animais de taxonomias distintas, como normalmente é apregoado culturalmente. Tal fato evidencia a disseminação de informações errôneas que foram construídas ideologicamente por instituições de grande importância social, como a igreja, as escolas e até mesmo as famílias. Nesse aspecto, a luta pela diversidade de gêneros pode ser compreendida por três classificações que estão intimamente interligadas entre si: a criminalização ou preconceito, a intolerância e a celebração.        Segundo o filósofo Michel Foucault, "é preciso que haja um hospício para que as pessoas que estão fora entendam que não são loucas", e o preconceito quanto a questão de gênero é um elemento coercitivo, que expressa este conceito através do desconhecimento do indivíduo preconceituoso sobre si. Nesse sentido adentra a criminalização da orientação sexual, que é instaurada através do poder de domínio social das grandes instituições, como as igrejas, através do discurso de ódio, disseminado entre alguns constituintes desta, excomungando as relações homoafetivas perante interpretações equivocadas de livros religiosos históricos, como expressões demoníacas.        Ocorre ainda em correntes políticas de conservadores extremistas, a ideia de destruição da unidade familiar, evidenciando a segunda classificação citada, a intolerância. Constitucionalmente, não ocorre a definição de formação familiar como expressão da união heteronormativa de indivíduos, pois o conceito de família perpassa definições herméticas, sendo complexo e abrangente. Tais fatores expressam a inconsistência de tais valores errôneos, difundidos através de discursos lascívos, serem perpetuados por instituições e por indivíduos em uma contemporaneidade com acesso livre ao conhecimento e cultuação da liberdade individual em ser aquilo que mais lhe apetece.     As manifestações da população LGBT são alvo, portanto, de agressões morais e físicas dos que deveriam entender a normalidade existente na escolha. A celebração evidencia essa aceitação parcial do indivíduo diferente, desde que esteja longe dos olhos da sociedade. Neste sentido, a atuação de ONG's e do Estado propiciando a difusão de informação e garantindo que tal minoria seja equalizada socialmente, sofreria um avanço fundamental com a criação de delegacias especializadas em crimes contra a comunidade transgênero, que são solubilizados diante dos demais e acabam sofrendo pelo cunho exacerbado do tempo judiciário. Com tal medida, caminharíamos pela tão desejada inclusão dessa minoria, diante de um cenário historicamente bárbaro, anacrônico e inteligivelmente inumano.