Enviada em: 08/06/2018

Verde, amarelo, azul e branco.       No país verde e amarelo, é comum que as pessoas não aceitem nada além do bom e velho verde e amarelo: a diversidade de gênero se tornou tabu e é, culturalmente, muito difícil acreditar que o azul e o branco também fazem parte da bandeira. Com isso, se entende que o conceito de homem e mulher é bem aceito, mas quando o assunto tange travestis ou homossexuais, a pátria amada se torna excludente e preconceituosa. Dizem que se o time de futebol brasileiro jogar com outro uniforme, que não o verde e amarelo, terá azar. É verdade, o país é o que mais mata homossexuais, travestis e transexuais no mundo, segundo a Revista Galileu. Há de ter coragem para que se assuma o seu azul e branco - ou o seu arco-íris.       Acerca desse assunto, é fato que a forma como grande parte do povo trata aquele que é diferente fere os principais princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Constituição Federal, mas não fere a legislação: homofobia não é crime no Brasil. Assim, crimes de ódio contra LGBTs, embora frequentes, não são punidos como tal. Eles acabam sendo chamados de crimes passionais,  tratados, muitas vezes, como brigas de rua, mas seu nome: preconceito de gênero, ódio, não é usado. E, como aquilo que não é crime não pode ser punido, se perpetua o preconceito.        Além  disso, a questão da diversidade de gênero também é tabu nas escolas. Mesmo com a ciência afirmando que esse debate deve, sim, ocorrer o quanto antes for possível, tal instituição insiste em manter o assunto longe das crianças e adolescentes. Para o senso comum, esse debate poderia influenciá-los a sair da linha normal, do socialmente aceito e, como por mágica, os tornaria LGBTs. Contudo, é fato que isso não ocorreria, afinal, o gênero é algo que vem de dentro e ninguém nunca, em algum momento, o escolheu. E, mesmo que fosse assim, privar os estudantes de conhecer um assunto, acaba por ferir outro direito humano: o direito à educação.       Logo, é fundamental que o Legislativo crie um conjunto de leis, de modo a punir a homofobia. Isso se daria como com o racismo, que se tornou crime imprescritível e inafiançável, já que fere a dignidade do outro. Outrossim, é primordial que o Ministério da Educação adicione à Base Curricular tópicos de debate sobre a diversidade de gênero, para que todos tenham acesso a informação e, assim, gradativamente se entenderia que o preconceito de gênero é tão bizarro quanto o racial e que todos são humanos igualmente. Com isso, aos poucos se veria que o azul e branco são parte da bandeira nacional e que eles não dão azar. O verde e o amarelo são lindos, mas conviver com todo o arco-íris é mais bonito ainda.