Enviada em: 20/10/2017

O filme Garota Dinamarquesa trata da história de Lili Elbe, uma das primeiras transgêneros, que enfrenta os preconceitos e intolerâncias quanto ao seu gênero. Contudo, tal discriminação não é exclusiva das telas, porque, no Brasil, o preconceito contra o grupo LGBT é bastante pertinente, em razão da desinformação e da cultura retrógrada. Faz-se necessário, portanto, que ações sejam tomadas para que a diversidade de gênero não seja motivo de exclusão e desigualdade social.        Em primeira análise, segundo o antropólogo Bourdieu, os fatos sociais são guiados por um habitus, imposição cultural tão intrínseca à sociedade que passa a fazer parte da moral individual. No entanto, o habitus de ver como natural os cisgêneros heterossexuais e como aberração as outras configurações de gênero deve ser quebrado, pois todos os indivíduos possuem direito à igualdade. Ademais, sua exclusão socioeconômica não pode ser fundamentada, já que a escolha pela orientação sexual ou identidade de gênero, ao contrário do formulado pelo habitus, não interfere nas capacidades e virtudes individuais. Assim, é fundamental que as intervenções para atenuar o preconceito com as variantes de gênero sejam no âmbito cultural, de forma a atenuar o segregacionismo do habitus.       Outrossim, conforme o filósofo Aristóteles, o erro é motivado pela ignorância humana. Nesse sentido, pode-se dizer que a decisão errônea de segregar, a partir dos diferentes gêneros, é fruto da falta de conhecimento sobre as variações desses. Isso porque ainda é pouco discutida a diferenciação entre sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero, fato que faz com que a diversidade de gênero permaneça como tabu no país. Dessa forma, é visível que, para sanar os preconceitos com a questão de gênero, é necessário garantir o acesso à informação sobre o tópico.         Diante disso, é evidente que a exclusão baseada na diversidade de gênero advém de uma cultura ultrapassada e da falta de informação e deve ser atenuada em prol da igualdade, prevista na Declaração dos Direitos Humanos. Para que esse problema seja amenizado, o MEC deve aproximar os futuros cidadãos das variantes de gênero, por meio da distribuição de cartilhas nas escolas, com o fito de que se quebre, a longo prazo, o habitus que potencializa a exclusão social. Além disso, é incumbência dos canais de TV apresentarem à população informações sobre a diversidade de gênero, por intermédio de programas instrutivos sobre orientação sexual e identidade de gênero, com o objetivo de evitar que a ignorância acentue o preconceito contra as variações vistas hoje como fora do padrão. Por último, é essencial que ONGs induzam as comunidades a serem mais receptivas às variedades de gênero, mediante a promoção de palestras gratuitas sobre o assunto, com o intuito de que o conhecimento potencialize o progresso cultural do país em direção à igualdade e à inclusão social.