Enviada em: 29/10/2017

O pensamento social, enquanto saber, deve ser mutável e evolutivo. Cabe a ele analisar as formas de organização da sociedade, bem como o desenrolar dos problemas que a ela são pertinentes. Dessa forma, compreender a função da escola e sua relação com o pensamento de gênero é premissa fundamental para uma análise competente do problema. Nesse sentido, faz-se necessário relembrar que a escola, não raramente, corrobora com preconceitos sociais. Ainda, a ausência de uma política pública de promoção de igualdade de gênero é também elemento central na persistência desse problema.       Segundo Immanuel Kant, o homem pode ser definido como produto da educação a qual fora exposto. Entende-se, portanto, que a escola se configura como instância crucial para a quebra ou perpetuação de preconceitos. Infelizmente, vemos no Brasil que, ainda, o segundo caso é o mais comum. O pensamento social no ambiente escolar ainda reflete, de forma equivocada, aquele que se populariza fora dos seus muros. Dessa forma, o espaço primeiro de quebra de paradigmas, os reforça, valida e transmite, resultando no quadro de violência e intolerância quanto ao gênero que se apresenta no país.       Embora existam muitas propostas, não há ainda uma política pública clara a nível federal para a promoção de igualdade de gênero na escola. O descaso do Estado em atender essas demandas agrava a situação e, indiretamente, promove a violência de forma sistemática, refletida nos quase 400 homicídios causados por homofobia. Infelizmente, casos como o de Lucas Salvatore, aluno da rede pública de São Paulo, agredido por cinco colegas dentro da própria escola são constantes e demonstram a falha no combate efetivo a crimes de ódio.       O pensamento kantiniano de educação não deve ser esquecido. Nesse sentido, o Estado, na figura do Ministério da Educação, deve promover mudanças fundamentais como a promoção de debates sobre Identidade de gênero em escolas, com adoção de material didático interdisciplinar, visando ressignificar o entendimento sobre tais questões. Homologar leis que permitam a adoção do nome social também serviria como uma forma de promover igualdade e integração do alunado transgênero. Campanhas em mídia digital, voltada para o público jovem, seriam excelentes mecanismos para promover consciência do problema. No entanto, é preciso, acima de tudo, que haja a criminalização a nível federal, por meio do Ministério da Justiça, da homofobia. Só assim teremos um país realmente mais justo e livre de demonstrações de ódio e preconceito.