Enviada em: 29/04/2018

Compra de negros vindos da África no início da formação do país e imigrantes europeus atraídos por oportunidades de emprego, que acabaram envolvidos com trabalho compulsório: a discussão sobre o tráfico humano é relativamente nova no Brasil, mas sua prática não é. O contrabando de pessoas está na raiz do território brasileiro e, hoje, apesar de existir políticas nacionais e protocolos vigentes contra tal problema, como o Protocolo de Palermo, o tráfico de seres humanos continua acontecendo. A falta de visibilidade do tema e o mercado negro online têm sido fatores das ocorrências.       A falta de debate acerca da existência e realidade do tráfico humano contribui para que as pessoas continuem vulneráveis às armadilhas. Em 2012, a novela “Salve Jorge”, exibida pela Rede Globo, trouxe à tona a temática, com uma trama na qual mostrava o contrabando de pessoas que eram atraídas por oportunidades de emprego no exterior e acabavam vítimas de trabalho forçado e exploração sexual. Apesar da discussão ter sido aberta durante o período da novela, atualmente, por falta de continuidade do alerta sobre o crime, o problema caiu no esquecimento entre os brasileiros. Dessa forma, o tráfico de seres humanos continua na invisibilidade.      Ademais, além da invisibilidade causada pela falta de debate, há também a “invisibilidade” causada pela prática silenciosa no mercado negro virtual. A internet trouxe muitos benefícios em meio à globalização, mas também trouxe pontos negativos, como o desenvolvimento do tráfico online, comumente encontrado na Deep Web, uma parte obscura da web que não é acessada com facilidade e possui uma variedade de ilegalidades. Quadrilhas de traficantes atuam por todo o mundo, inclusive no Brasil, capturando ou vendendo humanos em leilões virtuais em endereços não fixos da Deep Web. Assim, pessoas são vendidas como objetos para os mais perversos fins.    Portanto, se faz necessário soluções para tentar impedir a continuidade do tráfico de pessoas no Brasil e no mundo. Visando informar a população acerca do problema, é fundamental chamar a atenção da mesma para as campanhas nacionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, aderidas pelo Ministério da Justiça (MJ), como a “Coração Azul”, por meio de divulgação midiática, realizada pela associação do MJ com redes televisivas e sociais, à exemplo da Rede Globo e Youtube. Além disso, governos de diversos países poderiam criar uma união de investimento em capacitação de profissionais digitais, como programadores, a fim de conseguir avanços para bloquear sites de tráfico na Deep Web.