Enviada em: 29/04/2018

Apesar de pouco discutido, o tráfico de pessoas é um ramo que movimenta bilhões de dólares anualmente, a partir da exploração sexual e/ou trabalhista e venda de órgãos de suas principais vítimas: mulheres e crianças. A existência e manutenção de tal prática baseiam-se, sobretudo, em problemas estruturais, como a desigualdade social e a posição ocupada pelo sexo feminino na sociedade, além do seu ínfimo combate, dado a uma quantidade insuficiente de denúncias.   Em primeiro plano, tem-se as condições precárias de vida e a necessidade de sustento como principais motivadores da busca por melhores empregos. Desta forma, oportunidades de aumento salarial mostram-se extremamente atrativas a tais grupos, mesmo que em outros países, o que contribui para um possível rapto e e consequente abuso da força de trabalho, ambos suscitados pela má fiscalização das fronteiras.      Nota-se, ainda, uma relação direta entre o grande número de mulheres inseridas neste negócio e as relações sexistas que regulam o público e o privado, em vista do constante estímulo à prostituição e seu extenso mercado consumidor - como muito abordado pela escritora Simone de Beauvoir. Isto posto, observa-se que a objetificação do corpo feminino e sua naturalização favorecem o estabelecimento de uma lógica de lucro, a qual consolida tanto o comércio quanto a indústria pornográfica.       Entende-se, diante do exposto, a real carência de ações que evitem a perpetuação deste costume e deem suporte às suas vítimas. Logo, cabe às Polícias Federal e Civil, respectivamente, o controle mais eficaz de áreas fronteiriças com o uso de cães treinados e a instalação de delegacias específicas em áreas necessitadas, de modo a diminuir a violência nesses locais; quanto ao Ministério da Educação, cabe reformular a grade curricular dos Ensinos Fundamental II e Médio para que sejam inclusos estudos de gênero na discussão acadêmica e, por conseguinte, alterar o papel social historicamente destinado à mulher e garantir-lhe um mínimo bem-estar.