Enviada em: 03/09/2018

Brás Cubas, autor-defunto da obra machadiana "Memórias Póstumas" disse em seus momentos finais que, não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Essa postura se mostra acertada no Brasil vigente, tendo em vista que, em pleno século XXI em uma sociedade em desenvolvimento, a desigualdade de gênero ainda está enraizada e persiste em razão da mentalidade arcaica, como também, pela negligência governamental em relação aos direitos das mulheres.   Mormente, é preciso dissertar que, consoante a ativista e feminista Simone de Beauvoir, nenhum ser nasce mulher: torna-se mulher, contudo, isso se encontra deturpado no Brasil à medida que, existe um determinismo biológico em que, a cultura brasileira em grande parte, idealiza que o sexo feminino tem a função de submeter ao sexo masculino por serem conceituadas inferiores e com isso, os comportamentos agressivos contra as mulheres são naturalizados e está intrínseca advinda da ditadura do patriarcado na qual o homem era responsável pela organização social e por isso, as mulheres eram concebidas como objetos de satisfação masculina. Consequentemente, essa ideologia ainda se faz presente na sociedade contemporânea, atrelado ao equívoco pensamento de que as mulheres ainda devem ser submissas, obstaculizando a sua autonomia e a posição no âmbito laboral, posto que, segundo dados do IBGE, o rendimento feminino cai em 66% em relação ao masculino.   Convém mencionar que, o conservadorismo existente corrobora para que a igualdade de gênero seja cada vez mais difícil de alcançar devido à postura machista existente. Nesse viés, muitos são os casos de agressão sofrida por esse gênero, por consequência, a culpabilização direcionada para as vítimas, faz com que muitos atos violentos se tornem impunes, uma vez que, a violência e o estrupo são vistos consequência de uma falta de caráter moral da mulher, como resultado, os órgãos governamentais pouco contribuem para reverter essa lamentável postura social, pois segundo o  Instituto Avante Brasil, uma mulher morre a cada hora, rompendo com o contrato social de John Locke sobre o dever Estatal.   Diante dos fatos supracitados, é mister que a Escola promova a formação de cidadãos éticos e comprometidos a respeitar a sociedade como um todo, sem distinções de gêneros por intermédio de palestras e estudos dos conceitos de Simone de Beauvoir, de modo a desconstruir desde cedo o determinismo biológico e ideias preconceituosas. Ademais, Estado fazer valer as leis existentes oriundas de discursos democráticos, além de ampliar as políticas de proteção social e incrementar os investimentos em serviços socais que possuam a equidade salarial entre os gêneros existentes. Somando-se a isso, a mídia por sua vez deve ser mais plural em suas programações, mostrando a importância da diversidade no corpo social para reverter um passado exposto por Machado de Assis.