Enviada em: 02/10/2018

Consoante aos postulados bíblicos, o primeiro ser humano criado teria sido o homem e, a partir de um de seus fragmentos (a costela), teria surgido a mulher, para servi-lhe de companheira. Esse papel, corroborado pela Igreja, teve retificações ao longo da história, dentre as quais resultaram na sobreposição de valores, e, aquilo que surgiu com viés harmônico, tornou-se uma relação conflitante de subjugo e submissão do sexo feminino. Diante disso, nota-se, ainda hoje, que esse pensamento medievo continua a perpetuar pelas civilizações, seja por estas manterem as bases culturais patriarcas, seja pela aparente incompreensão dos seus impactos na sociedade.    Primeiramente, é preciso mencionar que a condição de inferioridade repassada às mulheres é produto de estigmas sociais que pregam pela natureza biológica do ser, sendo os homens mais adaptados a fatores adversos. Infelizmente, tal preceito criou uma imagem de superioridade do sexo masculino, que esteve intrinsecamente ligada à formação de uma cultura machista, da qual resultam privilégios, visíveis ou não, capazes de corromper o princípio fundamental da igualdade. Nesse sentido, observa-se que em países como o Japão, China e Brasil, há uma manutenção das tradições patriarcalistas, que é retransmitida e atingem as crianças já na infância, seja pelos membros familiares, ou pelas instituições religiosas, o que as fazem movimentar esse prisma cultural como um ciclo de difícil dissolução.                Por outro lado, é interessante ressaltar que, nos últimos séculos, grandes personagens protagonizaram movimentos de combate a essa realidade, dentre elas, a filósofa Simone Beauvoir. Em suas teses, a pensadora defende a ideia de que os padrões de gênero não são biológicos, mas sociais, passíveis de serem redefinidos. Dessa forma, o tema pôde ganhar mais credibilidade no cenário internacional, o que incitou propostas como o Feminismo, que luta com intuito de garantir condições equiparáveis entre ambos os sexos, mas que, por vezes, em países como o Brasil, encontram grandes empecilhos frente a setores conservadores – como a bancada evangélica, que desaprova projetos favoráveis a essa equiparação. Mediante a tal cenário, fatores como a desigualdade salarial, estereótipos quanto à condição de mulher e agressões físicas, continuam a ocorrer no âmbito social e revelam a necessidade de engajamento sociopolítico para atenuar essas divergências.     Diante do exposto, faz-se necessária uma parcial reformulação da grade curricular dos Ensinos Fundamental e Médio, inserindo conteúdos como Direitos Humanos, adaptado às capacidades de compreensão de cada série, com vista a elevar o conceito de equidade aos jovens e romper conservadorismos. Ademais, cabe a ONU recrutar os países membros em prol da igualdade de gênero, através de metas e orientações políticas, que se pautem, sobretudo, no reconhecimento feminino.