Enviada em: 02/07/2018

O conto da aia, uma das obras mais célebres de Margaret Atwood, revela a construção de uma sociedade machista, na qual há a naturalização do estupro é latente. Analogamente, a objetificação, sobretudo, da mulher nos tempos modernos tem levado à formação de uma cultura do estupro cada vez mais complexa, sendo de extrema urgência o seu combate.   Em primeira análise, é importante pontuar que a cultura do estupro refere-se a atitudes que suavizam ou relativizam atos de violência sexual. Esse comportamento é intrínseco e essencialmente social,uma vez que é moldado desde uma postura machista adotada em diversos lares, até mesmo pelos produtos de massa como a música Surubinha de Leve, sendo revelada explicitamente em sua letra uma situação de violência sexual,que apesar de seu conteúdo misógino e cruel é produto de consumo de diversos segmentos sociais.    Ademais,a prática do estupro pouco ou nada tem haver com o tipo de roupa utilizada pela vítima.Isso é comprovado por uma exposição realizada na Bélgica que desconstrói a ideia do vestuário ousado como justificativa para a violência sexual. Uma vez que a maior parte das peças expostas são uniformes de trabalho ou roupas infantis, revelando um lado ainda mais perverso do estupro.   Infere-se, portanto, a importância de criar medidas de combate à violência sexual. Para isso, é crucial o envolvimento do Ministério da Educação em parceria com as escolas para a formação de uma grade curricular que interligue as ciências humanas e naturais para o ensino da educação sexual e o histórico da cultura do estupro. Afim de impedir que crianças e adolescentes reproduzam atitudes próprias dessa cultura e garantir que esses indivíduos reconheçam mais facilmente se estão submetidos à uma situação de vulnerabilidade, construindo assim uma sociedade mais segura para as gerações futuras.