Enviada em: 30/07/2018

A desigualdade de gênero como um fator estrutural na sociedade e caminhos para sua desconstrução   Simone de Beauvoir diz, em uma das suas obras, em outras palavras, que o agressor não seria tão forte se não houvessem cúmplices entre as vítimas. É possível estabelecer relações entre esse fenômeno descrito por Beauvoir e o que é chamado de cultura de estupro. Essa expressão, cultura de estupro, popularizou-se quando foi se tornando nítido que o comportamento tradicional da sociedade é de deslegitimação da mulher, principalmente ao se tratar de sexo. No entanto, não é tão nítido assim para muitas mulheres, que a desigualdade de gênero é real e as atinge diretamente, e é necessário que haja uma reação para que esse comportamento seja desconstruído.   Historicamente falando, desde os primórdios, os homens se dedicam às atividades de caça e afins, enquanto as mulheres, pela sua natureza materna, dedicam-se à cuidar dos filhos, e acabam por se dedicar aos afazeres domésticos também. A função exercida pelos homens era a de "maior" importância para a sobrevivência de todos na família, o que finda por criar um sistema social que consiste numa legião de pessoas submetidas à autoridade de um patriarca.    Para ilustrar a desigualdade de gênero que nasce nos primórdios da humanidade, mas que se estende aos tempos contemporâneos, dados do IBGE mostram que apesar do fato de que as mulheres possuem maior taxa de frequência escolar, além de serem o gênero que majoritariamente tem ensino médio completo, ainda são minoria na Câmara dos Deputados, recebem menos que os homens e possuem menos cargos de gerência em empresas.     Exemplificado o contexto social atual, em que os homens são privilegiados estruturalmente, é comum que a mentalidade predominante da sociedade seja aquela que privilegie os homens. É comum que haja uma discrepância de tratamento entre homens e mulheres; é comum, por exemplo, que mulheres não reajam a atitudes muitas vezes ofensivas de homens, já que foram ensinadas a não reagir, o que é fruto de uma mentalidade patriarcal, em que a figura do homem não é contestada.     Em suma, a desigualdade de gênero prejudica mulheres diretamente. O que pode ser feito para contornar essa situação é atribuir aos indivíduos (mulheres, na maioria das vezes) que tenham ciência sobre esse problema, que falem sobre ele, que disseminem informações para alcançar quem não teve a chance de enxergar esse contexto social sob outra ótica, que falem sobre com seus filhos. É um processo gradativo de tomada de consciência, afinal, não se deve esperar que mentalidades sejam mudadas repentinamente.