Enviada em: 30/07/2018

O conceito de cultura e seu significado foi e ainda é massivamente debatido entre estudiosos de diversas áreas do conhecimento. Contudo, de maneira generalista, pode-se definir como cultura o complexo conjunto de crenças, conhecimentos e hábitos presentes em todos seres humanos, construídos a partir da convivência em sociedade. Apesar de fluida e mutável, as culturas, em suas muitas dimensões, também podem persistir ao longo do tempo, como é o caso da cultura do estupro. Vulnerabilidade social e econômica, persistência do machismo e da violência de gênero e a tenacidade de tradições onde a mulher é subjugada à figura masculina são alguns dos problemas concernentes à esta realidade que deve ser combatida as pressas.        As vítimas de estupro, de acordo com recentes pesquisas, são em sua maioria mulheres e crianças. No caso das mulheres, as desigualdades de gênero contribuem intensamente e são justificativas para a violação de seus corpos e dignidades. Por exemplo, muitos são os que acreditam que se uma mulher veste roupas curtas, faz uso demasiado de bebida alcoólica em festas e possui diversos companheiros afetivos e/ou sexuais, é culpada caso seja violentada, o que não acontece com homens. Além disso, locais onde tradicionalmente a mulher é vista como um ser inferior vivem este problema de maneira ainda mais acentuada. Estas ideias profundamente errôneas perpetuam a concepção de que a culpa é da vítima e não do agressor.        Ademais, apesar de o estupro ser cometido contra mulheres de todas as classes, as em contexto de vulnerabilidade social e econômica compõe a maior parcela das vítimas. Elas estão em todos os lugares, mas especialmente em situação de rua ou em habitações precárias, nas violentas periferias das grandes cidades, em longínquas zonas rurais do país, ocupando subempregos ou mesmo recorrendo ao emprego informal. Apesar de estas condições não serem necessariamente um condicionante, elas aumentam as chances de uma mulher ser estuprada devido à falta amparo e informação e a convivência em espaços historicamente violentos.        Destarte, visando por fim à cultura do estupro nas sociedades, é imprescindível a necessidade em discutir o papel dos gêneros nos seios escolar e familiar, entendendo que, o papel feminino na sociedade é uma construção social, não sendo, portanto, inerente à violência, seja ela qual for, pelo fato de ser mulher. A restrição de campanhas publicitárias que objetificam e sexualizam a imagem feminina. Além de fortalecer o aparato estatal, especialmente o jurídico, visando punir os crimes de estupro.