Enviada em: 17/05/2017

"Geni e o Zepelim" é uma composição de Chico Buarque repleta de críticas a hipocrisia social. Trechos da música como "Ela é feita pra apanhar! Ela dá pra qualquer um!", representam as justificativas comumente dadas para atos de violência sexual. Nesse cenário, a cultura do estupro tipifica-se sempre que a culpa decai sobre a vítima. Logo, é um problema que precisa ser combatido.               Em 2015, pesquisas divulgadas pela Revista Super Interessante mostraram que o estupro é visto como um dos piores crimes que podem acontecer a alguém, atrás apenas do assassinato. Diante disso, é fácil imaginar que não existe cultura que incentive o ato. Entretanto, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que anualmente ocorrem cerca de meio milhão de estupros no Brasil, mas que apenas 10% desses são notificados. Assim, pode-se afirmar que o silêncio é o principal agravante da situação e o incentivador de novos crimes. Portanto, a cultura do estupro nada mais é que a cultura da silenciação desses casos.          Nesse espectro, essa silenciação ocorre de diversas formas. Dentre elas, a culpabilização da mulher — vítima em 88% dos casos, segundo o IPEA — é a mais recorrente. Isso se deve à reprodução histórica de pensamentos machistas e patriarcais, que apesar de terem perdido força com a eclosão de movimentos feministas no século XX, ainda estão presentes. Detalhes como o tamanho da roupa, a ingestão de álcool ou o ato de andar desacompanhada na rua, são usados para isentar o agressor da culpa. "Mas ela estava pedindo" por exemplo, é uma frase exaustivamente repetida por pessoas que não compreendem que ninguém pede pra ser fisicamente e psicologicamente violado. Percebe-se então, que o estupro ainda é um crime onde a vítima é julgada junto com o criminoso.            Diante do exposto, fica evidente a necessidade de medidas para resolver a problemática. Destarte, o Ministério da Educação em conjunto com a rede pública e privada de ensino, deve criar um projeto que ofereça palestras educativas e didáticas acerca do assunto para crianças e adolescentes. Ademais, o Governo Federal deve subsidiar propagandas midiáticas afim de levantar a discussão nos mais diversos âmbitos sociais. É necessário ensinar à população que a culpa nunca é da vítima, oferecendo assim, um ambiente propício para a quebra do silêncio.