Enviada em: 01/08/2017

"Eu me sentia muito culpada". Esta foi a declaração da vítima do pior caso de estupro coletivo da América, um episódio ocorrido no Rio de Janeiro envolvendo 33 homens. Tal depoimento, explicita um problema gritante mas simultaneamente silencioso: a cultura de estupro. Um obstaculo no avanço social que não recebe o devido cuidado.   Em primeiro lugar, é necessário entender porque isso ocorre. Segundo Simone de Beauvoir, ninguém nasce mulher mas sim, torna-se uma, ou seja, a figura feminina é uma junção de posturas e expressões atribuídos a ela ao longo da vida. O maior exemplo disso é o machismo passado por gerações que incita o desrespeito à mulher em decorrência da sua roupa e ainda a atribui a culpa. Processo esse, que provoca grandes sequelas na sociedade.  Essas consequências, no entanto, não limitam-se ao âmbito penal. Sabe-se que a propagação dessas ideias dificulta o combate ao assédio e acentua sua incidência. Entretanto, ela também reforça a desigualdade de gênero ao pregar a diferença de deveres entre homens e mulheres. Uma mentalidade errônea e atrasada que repercute na família, nos estudos e no mercado de trabalho. Fica claro, portanto, que o hábito de assediar está enraizado na comunidade e que deve ser combatido para que uma sociedade mais justa e igualitária seja atingida. Para isso, é preciso que a mídia, como influenciadora, conscientize as famílias sobre suas atitudes e seu papel nessa realidade, por meio de novelas e programas em horário nobre. Além disso, a escola, com desenvolvimento de palestras, debates e trabalhos sociais deve ajudar nessa divulgação. Assim, além de diminuir o números de casos de estupros, também corrigirá a atribuição errônea da culpa à vítima.