Enviada em: 11/05/2017

O Brasil é um país multicultural cuja pluralidade de costumes expressos em distintas crenças religiosas, gastronomias, línguas, danças e músicas tornaram-no singular em todo o mundo. Contudo, em um contexto econômico em que a maximização do lucro é o principal interesse observa-se a diminuição dessa peculiaridade, por meio da ampliação da objetificação das produções artísticas, e do controle e seleção do alcance dessa ao grande público pelas mídias de comunicação.    A evolução tecnológica dos meios de comunicação favorece o intercâmbio cultural entre povos e influencia positivamente a diversidade cultural local, tal qual a prática da antropofagia - divulgada pelos modernistas na semana de arte moderna de 1922 - contribuiu para a ampliação dessa diversidade para a confecção de uma identidade nacional. Porém, é imprescindível analisar a diferença entre absorver a cultura externa ou ser absorvido por ela, pois a Indústria cultural de massas retira o protagonismo dos atores sociais transformando-o em um simples absorvedor passivo de uma produção padronizada.    Aproximadamente 70% da programação das rádios é estrangeira e restritas, por sua vez, a meras cópias reeditadas anualmente de fórmulas prontas do que já foi sucesso; enquanto no cinema há, no “mainstream”, cerca de 9 em cada 10 salas dos cinemas são destinadas às produções artísticas dos EUA. Essa disparidade é causada pelo falta de interesse público em investir na construção e divulgação artística nacional, assim como no desinteresse de exibidoras e distribuidoras em filmes independentes.    Ademais, segundo o Sistema de Indicadores de Percepção Social, publicado pelo IPEA em 2010, em torno de 85% da população brasileira raramente frequenta um teatro ou museu, tendo - por meio das rádios e TV - seu principal contato com cultura e lazer. Entre as razões desses dados alarmantes destacam-se a concentração de criações artísticas em grandes centros urbanos, dificultando o acesso da população que vive no interior; bem como a visão errônea, de 56% da população, de que o ingresso à esses ambientes é restrito à certas camadas sociais. Por essas razões é imprescindível ampliar o alcance da população à cultura nacional através de medidas públicas promovidas por leis que usem uma parcela da bilheteria de filmes estrangeiros em produções do cinema nacionais, assim como é praticado pelo governo francês. E estimular a visita aos museus e teatros, por meio de trabalhos educativos nas escolas, a fim de desmistificar a visão de que a cultura é elitista.  A cultura, assim como todos os outros valores essenciais que moldam uma sociedade, hoje são itens comercializáveis nas prateleiras. A fim de impedir essa homogeneização cultural é urgente a necessidade de ampliar o acesso ao que é produzido pelo brasileiro, visto que é impossível valorizar uma cultura nacional a qual é desconhecida pelo seu próprio povo.