Enviada em: 22/10/2017

Em " O Triste fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, o major Quaresma era um ufanista exacerbado, que valoriza todos os elementos nacionais em detrimento dos estrangeiros. Na contemporaneidade, o sentimento que tivera o personagem não está presente, em grande parte, na população brasileira. Para isso encontra causas históricas e socioeconômicas que em conluio fomentaram a desvalorização dos elementos nacionais.   Mormente, é nevrálgico analisar o processo de construção da identidade nacional, que, embora tardia, contribuiu com o pouco sentimento nacionalista do brasileiro. Isso se dá devido a emancipação do Brasil em 1822, que fora feita com escassa participação do povo brasileiro e protagonizada pelo português D. Pedro I. Após esse acontecimento surgiu a vontade de se construir um sentimento nacional com elementos genuinamente locais, e o Romantismo teve uma participação fundamental ao sintetizar e valorizar traços do país de maneira idealizada, longe das mazelas sociais que estavam presentes na sociedade brasileira. Essa tentativa artificial de edificar, por alicerces estrangeiros, a cultura nacional propiciou mais a exaltação de elementos estrangeiros. Contudo essa situação foi importante, pois como Roberto DaMatta afirma que, para se virar uma página por completo, necessita-se de um processo de releitura, corrobora a ideia de que analisar o passado é essencial para evitar erros futuros, e o que fora feito no Modernismo utilizou-se dessa máxima, incorporando um nacionalismo crítico ao país ao analisar a tentativa outrora feita pelo Romantismo.   Além do aspecto histórico, as condições econômicas e sociais também tiveram papel na desvalorização da cultura nacional. Esses fatores figuram na atuação da indústria cultura e a globalização, pois , por meio do imperialismo cultural Norte- Americano a cultura estadunidense se difundiu, acentuadamente, para grande parte dos países periféricos, promovendo uma fagocitose dos elementos locais e substituindo-os pelos estrangeiros. E em consonância a indústria cultura fomenta padronização e homogeneização das manifestações de costumes e tradições, fazendo, por conseguinte, surgir a inferioridade dos traços nacionais.   Para que se reverta a desvalorização da cultura nacional, portanto, urge a necessidade da atuação do poder público coadunado as ONG's. É dever do Ministério da Educação implementar grades de estudo sobre os elementos nacionais, como folclore, culinária e elementos das culturas nativas, a fim de despertar e criar um sentimento de nacionalidade nos jovens e nas crianças, já as ONG's compete a difusão, por meio da internet, de publicações em animação de momentos históricos pelos quais o Brasil passou, para que assim o sentimento que Quaresma tivera se incorpore a cada indivíduo brasileiro.