Enviada em: 02/04/2018

Abaporu desordenado       Combustível crucial para a eclosão da Segunda Revolução Industrial, o petróleo indubitavelmente transformara o século XIX. Entretanto, ao olhar para o panorama brasileiro, as impressões são outras. Isso porque, a queima desse combustível fóssil culmina na poluição atmosférica, facilitada sobretudo pela infraestrutura urbanista atual, bem como pelo perfil dos transportes presentes no país que comprometem a saúde do indivíduo.       Em primeiro lugar, cabe destacar a organização urbanística que influi diretamente na qualidade de vida dos cidadãos. Segundo pesquisas do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, a cada duas horas no trânsito fuma-se o equivalente a um cigarro. Esse fato é exemplificado pela verdadeira macrocefalia urbana, que de acordo com geógrafo Milton Santos, é caracterizada pela massiva ocupação desordenada e sem planejamentos em uma área. Dessa maneira, alguns serviços ficam comprometidos para suprir as necessidades em sua totalidade. O trânsito nas grandes metrópoles, por exemplo, tem engarrafamentos quilométricos e é vilão para doenças cardiovasculares, como o infarto, e respiratórias, como a asma e a bronquite.           Ademais, é importante ressaltar o peso que a frota de automóveis exercem nessa problemática. Desde Vargas passando por Kubitschek, o investimento no capital industrial foi vultoso, uma vez que as políticas desenvolvimentistas permitiram tanto a entrada de indústrias automobilísticas, a título da Ford, como a facilidade de crédito para a compra de carros. Assim, em virtude desse legado, a malha de transportes brasileira é majoritariamente rodoviária e individual. Contudo, o excesso de carros somada a falta de opções de conduções de qualidade, corroboram para severas emissões de poluentes que perturba a vitalidade da população.             Infere-se, portanto, que a poluição ambiental nos centros urbanos é alarmante. Por isso, é necessário que os estados, em especial os municípios honrem os Estatutos das Cidades, adotando modelos de baixo impacto de transportes, assim como ofereçam subsídios para modais alternativos eficazes, como o metrô, o bonde e demais coletivos para diversificar a rede de transporte e atenuar as emissões de gases poluentes. Além disso, os cidadãos devem adotar uma postura responsável refletida na mudança de hábitos, como o uso de bicicletas a fim de poupar o meio ambiente e sua saúde. E assim, finalmente, consoantes essas medidas, o país deixará o legado de Abaporu desordenado, do mero potencial físico para a execução crítica de projetos e mudanças.