Enviada em: 07/08/2017

No filme “O Corcunda de Notre Dame”, o protagonista Quasímodo é obrigado a isolar-se em virtude da repressão social diante de sua aparência “monstruosa”. Saindo da ficção, apesar da existência da lei do Combate à Intimidação Sistemática, sancionada em 2016, o bullying persiste fazendo-se cada vez mais presente no ambiente escolar brasileiro. Diante disso, torna-se necessário analisar a influência tanto do ambiente escolar quanto do familiar nos casos de tal problemática no panorama nacional.        É preciso compreender, antes de tudo, a função da escola nesse contexto, visto que um em cada dez estudantes é vitima de bullying. A escola é uma instituição que, além da simples exposição de conteúdo, deve educar o aluno para a convivência coletiva, nas relações pessoais e profissionais. Paulo Freire já falava em uma “cultura da paz”, evidenciando o papel da educação na exposição de injustiças, incentivando a colaboração e a tolerância. Contudo, a priorização da preparação dos alunos para testes e concursos faz com que a função socializadora da escola seja comprometida, agravando, assim, o problema do bullying no Brasil.        Apesar de acontecerem, em sua maioria, dentro das escolas, os casos de bullying também podem ser combatidos com a ajuda dos responsáveis. Entretanto, o caráter imediatista da sociedade moderna atinge também o núcleo familiar, manifestando-se tanto na ausência de diálogo, quanto na pouca interação entre pais e filhos. Nesse contexto, o ambiente que deveria ser de acolhimento, passa a ser de repulsa, alimentando o isolamento do indivíduo e, consequentemente, o distanciamento do aprendizado escolar.       Infere-se, portanto, que o bullying é um mal para a sociedade brasileira, sendo necessárias medidas para resolver a questão. A fim de atenuar o problema, o poder público, criador da lei que incentiva o combate à prática, pode fiscalizar as instituições e fazer valer o que está no Diário Oficial, contratando, inclusive, mais psicólogos para os colégios e promovendo treinamentos. Além disso, cabe à mídia não só denunciar os casos de bullying, mas também, por meio de ficções, levar a discussão à família, mostrando a importância de o assunto ser tratado em casa. A escola, então, pode chamar os pais ao debate e, com palestras e reuniões em grupo, mostrar o seu papel nessa prevenção. Só assim, será possível evitar que tenhamos mais figuras como a de Quasímodo, que precisou buscar o isolamento para escapar de todo o pesadelo que a sua vida insistia ser.