Enviada em: 30/08/2017

O livro Extraordinário, escrito por R.J. Palácio, relata a história do personagem Auggie, portador de uma doença genética que causa deformidade facial. No decorrer da narrativa, nota-se a presença do medo acerca do bullying. Fora da literatura, entretanto, essa também é uma realidade das escolas brasileiras, nas quais estudantes são diariamente violentados fisicamente e verbalmente. Nesse contexto, o comprometimento no desenvolvimento sócio-educacional não pode ser negligenciado.       A princípio, vale pontuar que a imposição de padrões estéticos e morais corroboram para a ocorrência do bullying. Comprova-se isso através da teoria do sociólogo Pierre Bourdieu, a qual coloca a não aceitação de um indivíduo como consequência da “fuga” desse protótipo estabelecido. Desse modo, percebe-se que devido aos duros deboches, brincadeiras com teor satírico e atos agressivos sofridos pela vítima, essa tende a se isolar, na tentativa de livrar-se dessas atitudes incoerentes, prejudicando sua sociabilidade. Com isso, é recorrente que esses oprimidos tenham dificuldade em interagir com a sociedade. É necessário, portanto, medidas para garantir que todos os alunos tenham o direito de liberdade de expressão, isto é, sejam livres para agirem, vestirem e comportarem-se como quiserem, desde que sejam respeitados os direitos estabelecidos pela Constituição Federal.     Ademais, convém frisar que o clima de tensão gerado por essa hostilidade física e psicológica atrasa o progresso pedagógico dos alunos. Uma prova disso está na desmotivação de ir à escola decorrente do medo do colega agressor, com essa queda na frequência escolar, o rendimento academico cai consideravelmente, comprometendo o desenvolvimento educacional, fase em que se criam valores que serão úteis ao longo da vida. Dessa maneira, é indubitável que essa situação seja revertida, tendo em vista que o cidadão é aquilo que a educação faz dele, como afirmou Immanuel Kant.     Logo, é inquestionável que soluções para o impasse são imperativas. Para Hellen Keller, o resultado mais sublime da educação é a tolerância, assim, é fundamental que as escolas desenvolvam projetos lúdicos de conscientização, financiados pelo Ministério da Educação, reportando a importância de se conviver com as diferenças entre os estudantes, visando impedir a violência decorrente de preconceitos. Além disso, é fundamental que a mídia use seu papel de difusora de conhecimento para exibir por meio de novelas e propagandas os sinais apresentados pelas vítimas de bullying, incentivando os responsáveis a analisarem o comportamento dos filhos e buscarem de profissionais especializados (psicólogos e psicopedagogas). Ainda, é essencial que o Governo atue e disponibilize no sistema público de saúde maior número de profissionais psíquicos citados. Por conseguinte, situações de violência escolar serão presentes apenas nos livros, como o de R.J. Palácio.