Enviada em: 29/09/2017

O bullying consiste em agredir ou humilhar outra pessoa de maneira constante ao longo do tempo. Apesar de ser muito negado entre determinados indivíduos, esse fenômeno é um problema real enfrentado em várias escolas brasileiras, que, muitas vezes, resulta em incidentes negativos para a vítima e a sociedade. Fatores de ordem educacional, bem como cultural, caracterizam a prática de discriminação repetida e seus danos sociais.    É importante pontuar, de início, a negligência acadêmica quanto à questão do bullying. À guisa do pensamento kantiano, o ser humano é  tudo aquilo que a educação faz dele, porém, as escolas do país falham nesse processo de formação humana. A ineficiência dos projetos contra essa prática, dado a persistência da discriminação nas salas de aula, expõe o descaso do meio escolar frente ao tema. O bullying, entretanto, é capaz de gerar enormes transtornos, como no episódio de 2011 em Realengo, em que um ex-aluno, ao ter acesso à sala de aula de uma escola, disparou contra estudantes, motivado pelos maus tratos sofridos no seu período escolar.    Outrossim, tem-se a herança cultural como forte motivadora da discriminação nas escolas. Segundo o Programa Abrace, os homossexuais e os negros são as principais vítimas do bullying nas salas de aula, correspondendo a cerca de 60% das ocorrências. Nesse sentido, ao longo da história brasileira, a depreciação da cultura negra e a submissão desses povos, somado aos valores patriarcais enraizados no país, tem como reflexo a constância dos casos de bullying a esses grupos. Desde já, é fundamental desconstruir os preconceitos para minimizar essa prática tão maléfica à sociedade.    É notória, portanto, a relevância de fatores educacionais e culturais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em consonância com ONGs da área, a realização de campanhas de conscientização acerca do bullying e seus efeitos. A ideia da medida é, a partir de debates e palestras em sala de aula, além de trabalhos extraclasses sobre o tema, minimizar as práticas de discriminação entre os jovens, consolidando uma maior harmonia nas escolas. Ademais, o Ministério da Educação deve orientar as famílias quanto aos casos de bullying. Essa intervenção pode contar com reuniões com os responsáveis pelos estudantes a fim de remediar casos de intolerância. Finalmente, a mídia, por meio de telenovelas e propagandas educativas, deve desconstruir os preconceitos sociais com o intuito de reduzir os casos de bullying e formar uma sociedade mais coesa.