Enviada em: 28/09/2017

A Turma da Mônica, um dos célebres gibis utilizados na alfabetização infantil, retrata cenas de bullying sofrido pela personagem principal. Fora dos quadrinhos, a realidade dos colégios brasileiros é a persistência de atitudes agressivas que ocorrem repetidamente. Nesse contexto, as instituições família e escola são responsáveis pela socialização e formação da identidade do indivíduo. Entretanto, a falta de coleguismo e a tentativa de impor domínios, por parte de alguns, não garantem harmonia entre o corpo discente.     Em primeiro lugar, um dos empecilhos prevalecentes para a existência de uma relação pacífica em sala de aula é a mentalidade hostil de certos estudantes. Isso é notório nas perseguições pautadas em critérios, sobretudo físicos e comportamentais, com a finalidade de intimidar a vítima. Por conseguinte, a evidente motivação para dar continuidade às práticas violentas é a satisfação em face ao sofrimento alheio, pois como defendia o ativista Steve Biko, a arma mais poderosa do opressor é a mente do oprimido. Assim, é crescente o registro de casos de bullying, principalmente em centros de ensino privados.     Por outro lado, o esforço do agressor para demonstrar poder também implica no elo de alteridade entre os colegas. A exemplo disso, a tragédia de Realengo que culminou na morte de vários alunos, inclusive o próprio autor do crime, resultou no decreto do Dia Nacional de Combate ao Bullying. Ademais, os baixos índices de denúncias realizadas são decorrentes da insegurança das testemunhas que temem ser as próximas vítimas, contribuindo para a permanência e proliferação de ações e discursos de ódio. Dessa forma, torna-se cada vez mais inconsistente pensar em um ambiente marcado pela união quando ideologias de superioridade e intolerância já foram propagadas.    Fica evidente, portanto, que medidas são necessárias para solucionar o impasse. Segundo Jean-Paul Sartre, qualquer tipo de agressão é uma derrota. Sendo assim, o Ministério da Educação em parceria com familiares, pedagogos e psicólogos deveriam promover projetos que viabilizem momentos de palestras e conversas particulares com intuito de facilitar a interação tanto no âmbito familiar quanto no escolar, melhorando as formas de relacionamento e o rendimento na grade curricular. Mas também, meios de comunicação de caráter apelativo devem disponibilizar campanhas, em canais televisivos ou redes sociais, que incitem a valorização do companheirismo a fim de banalizar as práticas de bullying. Destarte, será possível que a maioria da população alcance uma nação justa que lhe caiba.