Necessidade de releitura De acordo com o antropólogo Roberto DaMatta, antes que se vire uma página por completo, é necessário um processo de releitura. Desse modo, para que determinada questão seja solucionada, é fundamental encontrar suas raízes e formular suas possíveis soluções. Observar casos como o do massacre de Realengo, ocorrido em 2011, é constatar que uma releitura tornou-se necessária. Nesse sentido, o atual quadro da problemática é fruto, principalmente dos modelos educativos a que são expostas as crianças. A priori, os diversos contrastes do Brasil, seja econômico ou cultural, vem a influenciar decisivamente na formação da mentalidade dos alunos. Logo, os desafios e as complicações vividas, por exemplo, no ambiente familiar, proporcionam o desenvolvimento de sujeitos subversivos em qualquer ambiente, e essencialmente no escolar. Embora o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, sancionado em 2015, tenha apresentado um avanço no combate de casos relacionados ao bullying, o Brasil apresenta tal problema enraizado nas instituições de ensino nacional. Outrossim, de acordo com o IBGE, 3 a cada 10 estudantes relatam terem sofrido algum tipo de experiência relacionada ao bullying. Esse cenário de violência psicológica é responsável pelo surgimento de problemas como a ansiedade e a depressão que, segundo a neurociência, é considerada o mal do século XXI. Nesse sentido, esse tipo de abuso acarreta além de problemas psicológicos, baixo rendimento escolar e comportamento agressivos por parte da vítima. Destarte, é necessário o posicionamento do setor público para a redução desse cenário na sociedade brasileira. Cabe ao poder executivo garantir o cumprimento do Programa de Combate à Intimidação Sistemática, afim de diminuir exponencialmente a humilhação verbal nos ambientes escolares. Além disso, as escolas em parceria com psicólogos devem criar debates sobre o tema em salas de aula, como o intuito de ouvir e auxiliar vítimas de violência nesses espaços. Ressalta-se, por fim, a importância da família em educar suas crianças para que estas não direcionem ofensas e humilhações a outros indivíduos. Só assim, será possível completar o processo de releitura idealizado por Roberto DaMatta.