Enviada em: 21/10/2017

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, o corpo social pode ser comparado a um "corpo biológico", composto por partes que relacionam-se. Assim, é preciso uma interação harmônica entre os indivíduos para que o funcionamento não seja comprometido. Contudo, na sociedade pós-moderna, isso não ocorre, pois, impasses, como a prática do bullying, perturbam a ordem social e fazem vítimas todos os dias. Desse modo, rever os fatores que motivam as intimidações sistemáticas é indispensável para avaliar seus efeitos na contemporaneidade. Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, comportamentos agressivos e posições preconceituosas, no contexto familiar, podem surtir reflexos na formação da criança. Segundo a teoria da tábula rasa de John Locke, “O ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências”. Assim, com o decorrer do tempo, as crianças acabam verbalizando por si mesmas as opiniões dos pais como respaldo para seu comportamento e acabam por se tornar agressores. Em consequência, percebe-se a perpetuação de indivíduos com pensamentos intolerantes e atitudes hostis na sociedade.  Outrossim, por ser o local onde há contato entre diversas pessoas com características diferentes, a escola se torna percursora do bullying. Aqueles que não conseguem lidar com dissemelhanças mascaram as discriminações como ''brincadeiras'' de teor agressivo, que afetam drasticamente a vida dos alvos. No entanto, muitas das vítimas acabam guardando um sentimento não só de temor mas também de revolta, que se manifesta de maneira extremamente violenta tornando cada vez mais comuns episódios nos quais adolescentes abrem fogo contra companheiros de escola por vingança, como aconteceu em um colégio localizado na cidade de Goiânia, em outubro de 2017. Nota-se, então, que não somente o alvo das 'agressões' bem como os 'percursores' tornam-se vítimas. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de se discutir a questão e o papel da escola e dos responsáveis nessa luta. É indispensável que o poder público, criador da lei que incentiva o combate à prática, fiscalize as instituições e garanta sua aplicação. O MEC deve promover a contratação de psicólogos para atuar nos colégios promovendo palestras e auxiliando na interação entre os alunos. Cabe a mídia, por meio de ficções engajadas, levar a discussão à família, mostrando a importância de o assunto ser tratado em casa. A escola, então, pode chamar os pais ao debate e, com palestras e reuniões em grupo, mostrar o seu papel nessa prevenção e a necessidade de estimular o respeito às diferenças para atenuar a prática de bullying e suas consequências. Só assim, tratando as causas e minimizando os efeitos, será possível atenuar a problemática.