Enviada em: 23/10/2018

O papel das redes sociais nas eleições   A influência das mídias sociais em eleições e plebiscitos é hoje um assunto de suma relevância internacional. Recentemente, Donald Trump tornou-se presidente dos Estados Unidos com forte estratégia de patrocínio no Facebook. No Reino Unido, a campanha a favor do Brexit fez uso abundante das redes sociais. Em ambos os casos, as campanhas digitais tiveram alto volume de distribuição de boatos, teorias conspiratórias e notícias falsas. O recente escândalo da Cambridge Analytica, empresa envolvida na campanha de Trump e do Brexit, evidencia práticas antiéticas de extração de dados e criação de perfis psicológicos dos usuários para serem acionados por mensagens direcionadas – prática sintetizada na expressão inglesa microtargeting. Dado esse estado de coisas, vale perguntar: qual o papel que as mídias sociais terão na eleição brasileira de 2018, considerando as particularidades da política nacional? Para melhor avaliarmos o potencial eleitoral do Facebook e do Twitter em 2018 precisamos, primeiramente, entender dois dados fundamentais da conjuntura nacional: (1) a modificação na legislação eleitoral e (2) o uso de mídias sociais para consumo de informações. A legislação eleitoral que regula o pleito de 2018 contém alteração inédita: autoriza expressamente o patrocínio de postagens em canais oficiais de candidatos e de partidos tanto nas mídias sociais quanto em mecanismos de busca. Isso quer dizer que as coligações eleitorais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem pagar para atingir mais pessoas. Essa é uma transformação importante nas regras de comunicação. Nas propagandas partidárias em meios de massa, como televisão e rádio, o tempo é distribuído de acordo com o número de cadeiras dos partidos no Congresso Nacional. Não é permitido comprar mais espaço na TV ou no rádio e há regras que limitam anúncios em jornais impressos.