Enviada em: 07/12/2018

O regime democrático pressupõe livre debate e discussão de ideias, almejando à tomada de decisões e o respeito à opinião alheia. Entretanto, na contemporaneidade, com a emergência das mídias sociais e sua intensa disseminação entre os usuários da rede mundial de computadores (internet), o processo anteriormente citado sofre sensíveis modificações, tanto positivas quanto negativas: se, de certa forma, o poder da palavra foi dado à maioria, com a utilização das redes sociais; por outra, a não aceitação das maneiras de pensar divergentes acaba levando a um discurso de ódio, fomentado, por vezes, pela multiplicação das notícias falsas em ambiente virtual.       Primeiramente é preciso considerar que as redes sociais deram voz a muitas pessoas durante o processo democrático e, assim, possibilitaram até mesmo a construção de uma espécie de democracia participativa. Prova disso é a proximidade estabelecida por alguns candidatos com seus eleitores, consolidada através dessas redes. Como afirmou McLuhan, há uma certa mecanização da expressão humana por meio do uso dos recursos digitais e da dependência construída entre eles e o indivíduo, entretanto ha ressalvas a se destacar, entre elas o fator de mesmo "maquinizada", a opinião poder ser expressa por todos, atendendo ao pressuposto da liberdade de expressão. Essa configuração é típica de um regime democrático, sendo uma das primeiras condições a ser anulada na condição de totalitarismo e formas de governo com liberdades individuais garantidas parcialmente.       Porém, esse livre curso dos debates em redes sociais pode ser restrito, por meio da disseminação das chamadas notícias falsas, que acabam por influenciar maneiras de pensar e fomentar o discurso de ódio. Nesse sentido, o terreno virtual é solo fértil para que mitos e informações sem nenhum embasamento sejam compartilhadas como verdadeiras, atingindo um número considerável de usuários. Além disso, conforme afirmou Leandro Karnal, em seu livro "Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia", o não respeito às diferentes maneiras de pensar leva à discriminação, ao ódio e à ruptura da estabilidade democrática.       Dessa forma, conclui-se que há necessidade de rever as maneiras pelas quais as redes sociais atuam no processo democrático contemporâneo. Nessa conjuntura, é fundamental que haja o combate efetivo das notícias falsas e a educação no sentido de fomentar a aceitação do diferente. Para isso, é imprescindível que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) juntamente ao Ministério da Educação, por meio de suas coordenadorias competentes, elaborem campanhas de alerta, que visem à amenização dos discursos de ódio e à garantia do livre debate político nas redes, para, por fim, proporcionar a continuidade do procedimento democrático.