Enviada em: 05/07/2017

Durante a República Velha, período em que ficou conhecido os anos que sucederam o surgimento da república até a Era Vargas, em 1930, o voto foi utilizado como forma de garantir o poder aos senhores de terra, por meio de forte coação social e violência. Por consequência dessa prática, conhecida por Voto de Cabresto, a população não tinha como resultado as transformações sociais almejadas, uma vez que não possuíam livre arbítrio para escolher o melhor candidato. Fora dessa realidade histórica, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em transformar o desejo do povo em melhorias sociais. Sob essa ótica, faz-se indispensável entender as origens desse entrave, a fim de solucioná-lo.     É inegável que essa questão ocorre devido a questões políticas-estruturais. De forma mais evidente, a dificuldade do serviço público de educação em formar eleitores conscientes é uma realidade intrínseca ao problema. Em virtude de o voto ser obrigatório, muitas pessoas apenas votam para evitar os problemas dessa obrigatoriedade, elegendo políticos incapazes de representar o interesse público ou de prover o retorno de mudanças sociais aos seus eleitores. Ainda assim, a centralização política caracteriza-se como um agravante, uma vez que são poucos os que possuem condições de arcar com os custos de campanha, tendo como consequência o controle político nas mãos dos mais ricos, situação análoga a antiga república.     Outrossim, urge salientar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais. De primeira instância, cita-se a marginalização política histórica do povo brasileiro. Até 1889, 95% da população não tinha acesso ao voto. Reflexo desse fato é o atual desinteresse político por parte da população, desacreditada na estrutura política existente. De acordo com dados do IBOPE, 26% dos brasileiros não têm interesse na política e suas consequências. Dentro dessa problemática, evidencia-se a urgência de conciliar política e transformação social.     Torna-se evidente, portanto, que medidas públicas devem ser tomadas a fim de que os votos do povo alcancem resultados. Cabe ao Estado, como instituição pública de poder, atender o clamor popular por transformações sociais, através da criação de ferramentas mais diretas de contato entre sociedade e corpo político, por exemplo, com a criação de assembleias populares para a apresentação dos anseios do civis. Ainda assim, é papel da escola, como instituição construtora de valores, formar cidadãos conscientes quanto ao voto, instruindo-os a ponderarem a sua opção de escolha, por meio de alterações na grade curricular, inserindo o ensino político como matéria. Por fim, cabe à mídia, instigar a população a cobrar serviço de seus políticos eleitos, através de ficções engajadas, cumprindo assim o seu papel social.