Enviada em: 22/10/2018

Durante a Revolução Industrial, no século XVIII, o trabalho na infância era uma prática comum, uma vez que, nesse contexto histórico, a criança era vista como um "pequeno adulto". De mesmo modo, apesar de estarmos em pleno século XXI, a mão de obra infantil é uma realidade no Brasil, seja pela ineficiência da sociedade em coibir essa prática, seja pela vulnerabilidade financeira das famílias.       É relevante abordar, primeiramente, que desde a década de noventa, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe qualquer relação de trabalho com crianças. Todavia, a exploração do trabalho infantil só passou a ganhar visibilidade no ano de dois mil e cinco, através do caso Marielma de Jesus. A menina de apenas onze anos de idade foi entregue pela mãe para uma família que prometia fornecer alimentação, educação e moradia em troca de serviços domésticos. No entanto, a jovem menina foi abusada sexualmente, torturada e morta por seu patrões. Após esse crime, o governo federal criou um canal para que população denunciasse. Contudo, após dez anos o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que um milhão de crianças ainda estão em situação de exploração. Assim sendo, nota-se não apenas que esse tipo de ação é ineficaz, mas também, que a população brasileira é pouco participativa na defesa dos seus pequenos cidadãos.           Convém lembrar ainda que o gigantesco país da América Latina está imerso em uma cultura de miséria e desigualdade social. De acordo com o jornal "El País" o Brasil é um dos países com a pior distribuição de renda. Além disso, ainda segundo as pesquisas do IBGE, os locais com maior frequência de trabalho infantil estão situados na região norte e nordeste. Por essa perspectiva, considerando que essas regiões são as mais afetadas economicamente, com baixo acesso à serviços essenciais, como água tratada e rede geral de esgoto, assim como o acesso à alimentos, pode-se concluir que a pobreza é um dos principais fatores que levam meninos e meninas ao campo para contribuir na renda familiar. Por esse aspecto, a postura passiva do Estado frente às injustiças sociais contribui para a continuidade desse dilema.        Portanto, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministério do Desenvolvimento Social em parceria com o Ministério da Educação promova a disponibilização de ajuda financeira e ensino profissionalizante para os pais, para que eles possam ter condições de disputarem cargos melhor remunerados e, consequentemente, prover o necessário para que seus filhos possam ter seus direitos garantidos. Dessa maneira, através do fortalecimento das famílias, o Brasil conseguirá erradicar esse câncer social.