Enviada em: 25/08/2018

O escritor brasileiro Michel Laub, em seu livro "Diário da Queda", revela, por meio do pai e do avô do protagonista, a capacidade do ser humano em analisar e compreender as relações sociais e em aprimorar o olhar sob certas peculiaridades da vida por meio da leitura e da escrita. Nesse âmbito, observa-se no Brasil contemporâneo, um descompasso no hábito da leitura e na conscientização de que são diversos os benefícios da prática de ler. Desse modo, entende-se como fulcral a percepção da importância da leitura e dos impasses que ela encontra no Brasil.       A priori, convém frisar que a leitura serve de estímulo a criticidade em relação às ações que incluem o senso cidadão, ou seja, a capacidade do indivíduo em viver em um complexo social. Nesse contexto, assim como abordado pelo teórico austríaco Ludwig Von Mises ao defender que "a ação humana é a resposta aos estímulos", o hábito de ler faz o papel estimulante e incentivador da capacidade humana de viver em sociedade e saber se expressar. Essa realidade, dessa maneira, é autenticada pelos estudos do educador Paulo Freire na educação infantil de que a leitura viabiliza a capacidade de aprendizado e sociabilidade dos infantes. Evidencia-se, portanto, a imprescindibilidade da manutenção da leitura na comunidade canarinha.       Em uma análise mais extensiva, infere-se que ler, com o a revolução tecnológica, sofreu súbita mudança e influência  dos meios digitais. Nesse prisma, nota-se que nunca se teve tanto acesso aos diversos gêneros e tipos textuais, contudo, a seleção do que se lê e do que deixa de ser lido é o cerne do embate brasileiro. Isto é, em comparação à centenas de anos passados, época em que, nas escolas inglesas do século XVI, se lia e estudava obras latinas de autores como Saxo e Heráclito, hoje, a inserção das tecnologias direcionou o hábito dos livros à mensagens ou, esporadicamente, uma notícia. Evidência disso, são os números do Instituto Pró-livro de que somente certa de 5 livros são lidos por brasileiro no período de um ano, e os dados do IBGE de que cerca de 92% das residências brasileiras tem acesso a um celular. Percebe-se, dessa forma, a problemática do conteúdo da leitura.       Compreende-se, pois, que, para o desenvolvimento da soberania da estrutura social, a adequação da situação atual. Dessarte, urge que o Ministério da Educação, em parcerias com grandes empresas do setor literato,  estruture um programa de inserção dos livros no meio digital, ou seja, trazer os "e-books" para o ambiente escolar, com auxílio de técnicos em informática, palestras de escritores e cartilhas contendo charges e desenhos que estimule a leitura dos infanto-juvenis, para que as diferenças entre o mundo digital e os livros sejam reduzidos e leitura incentivada. Com isso, o Brasil tornar-se-á uma sociedade capaz de exercer sua criticidade, expressividade e convívio social.