O filme "Sociedade dos poetas mortos" marcou o final do século XX ao narrar a história de um professor de inglês nada ortodoxo. Ao estimular seus alunos à lerem e produzirem textos fora dos padrões tradicionais, o protagonista mudou a visão de mundo dos jovens graças à literatura. Fora de ficção, entretanto, mesmo sendo imprescindível para a formação do indivíduo, a leitura não é devidamente incentivada. Inicialmente, é necessário avaliar a relevância das obras literárias para a construção da empatia. Ao ler narrativas sobre personagens de etnias, classes sociais e perspectivas diferentes, o leitor exercita sua capacidade de respeitar outros pontos de vista, e de colocar-se no lugar do próximo. A escritora nigeriana Chimamanda Adichie, ativista pelos direitos dos negros e das mulheres, comenta sobre o poder da literatura na compreensão da alteridade em sua palestra "Os perigos de uma história única". Assim, evidencia-se que o hábito de leitura é também uma questão de cidadania. É fundamental apontar, contudo, que os livros não são capazes de exercerem seu papel transformador pela falta de estímulo nas escolas. As instituições de ensino aplicam currículos anacrônicos ao apresentarem a análise de produções literárias como atividade obrigatória. Entende-se que os colégios não levam em consideração os interesses dos alunos ao exigirem que crianças de 14 anos leiam Machado de Assis, que, embora seja um autor consagrado, não dialoga com os jovens. Assim, percebe-se que a mudança do currículo escolar é vital para disseminar o interesse pelos livros. Fica claro, portanto, que a literatura é crucial para estruturar valores morais na sociedade. Faz-se necessário, então, que o Ministério da Educação reformule o modo de abordar o mundo literário, criando currículos condizentes com as faixas etárias dos alunos. Também, a família deve cumprir sua função educadora e promover clubes de leitura dentro de suas comunidades, pressionando a mídia para divulgá-los. Talvez, assim, as próximas gerações valorizem os livros como os Poetas Mortos.