Enviada em: 17/10/2017

Jeca Tatu, personagem literário criado na década de 1920 por Monteiro Lobato, foi usado como instrumento de esclarecimento sobre a importância do saneamento público e a urgência de erradicar doenças que matavam demasiadamente, como o amarelão. Nesse contexto, é evidente que a leitura desempenha um papel importantíssimo na transformação da mentalidade de uma população. Porém, atualmente, no Brasil, esse aspecto positivo tem sido mitigado em consequência da acomodação intelectual da sociedade contemporânea.    Com o advento da internet, o conhecimento tem se tornado cada dia mais superficial. Nas escolas e no meio universitário, não raro se vê trabalhos copiados de sites que os disponibilizam prontos, demonstrando a falta de interesse no real aprendizado do conteúdo por parte dos estudantes. Além disso, pode-se afirmar que esta prática perpetua-se devido a ignoração desse fato por parte dos professores, tornando-os coniventes com o crescente desprestígio pela leitura hodiernamente.     Antônio Lobos já dizia: "Um povo que lê, nunca será um povo escravo". No entanto, a leitura tem perdido seu espaço no cotidiano brasileiro, e a população tem se tornado escrava das novas tecnologias. Sob essa ótica, além do uso intensivo de smartphones, tablets e videogames mitigarem o senso crítico e estimularem a inércia intelectual, são vistas também a ansiedade social, déficit de atenção/hiperatividade e agressividade como resultantes dessa crescente dependência tecnológica. Dessa maneira, a estimulação da leitura, além de melhorar a capacidade cognitiva, aproxima o indivíduo da compreensão de mundo e da auto-compreensão, tornando-o, assim, menos susceptível a dependências físicas e psíquicas.     Torna-se claro, portanto, o caráter negativo da desvalorização da leitura como fator imprescindível na construção de uma boa sociedade.  Desse modo, cabe as Secretarias Municipais de Educação, com ajuda e incentivo privado, a criação de núcleos de leitura e de debates literários, voltados principalmente para estudantes de ensino fundamental e médio, de modo a incentivar o pensamento crítico e a difundir uma cultura de valorização da leitura entre aqueles que são o futuro da nação. Ademais, plataformas digitais educacionais e dinâmicas, criadas por meio de incentivos governamentais, devem ser idealizadas visando a utilização da internet de maneira benéfica e proveitosa, de modo a unir tecnologia e leitura, oferecendo fácil acessibilidade aos conteúdos de grandes obras e promovendo interação virtual entre os leitores. Assim, poder-se-á desfrutar do verdadeiro poder de transformação da leitura.