Enviada em: 09/10/2018

Conforme o Estatuto do idoso, à faixa etária são assegurados os direitos inalienáveis à vida, segurança, liberdade, cidadania e consciência familiar e comunitária. Mesmo com esse contingente alcançando aproximadamente 30 milhões de brasileiros, as garantias previstas por lei  são ignoradas frequentemente, com constantes casos de abusos e violência. Hodiernamente, essa questão se extende, principalmente, aos âmbitos social e econômico, nos quais os citados comportamentos pejorativos são marcantes.            Em "Peter Pan", de J. M. Barrie, o protagonista tem como maior medo se tornar adulto, "crescer", tendo como desejo primordial a juventude eterna. Tal conceito, embora fantasioso, está presente no Brasil moderno, em que a gerofobia se torna um alarmante fenômeno social, consistindo da aversão e do preconceito contra a Terceira Idade e suas características inatas. Assim, rugas, linhas de expressão, e cabelos brancos são parte do estigma do povo contra o grupo em questão, vistos como terríveis consequências do envelhecimento, mesmo sendo completamente naturais. Por conseguinte, cobra-se dos idosos o "não-crescer", análogo ao de Pan: evitar ao máximo qualquer sintoma de amadurecimento; no caso do Brasil, por meio de incontáveis procedimentos estéticos e medicamentos.       Outrossim, destaca-se a semelhança entre a perspectiva nacional e a máxima de Voltaire. Para o autor iluminista, "O trabalho livra o homem de três grandes males: o ócio, o vício e a necessidade", atuando como meio que garante a estabilidade financeira. Concordando com esse viés, há também a lógica do alemão Karl Marx: um indivíduo idoso não é capaz de produzir com total eficiência, logo se torna um fardo para o Estado e para a comunidade. Ambas as percepções são comumente difundidas no cenário capitalista hodierno, em que a idade desse grupo se torna, erroneamente, sinônimo de inaptidão e dependência. Desse modo, são categorizados como "descartáveis", abruptamente excluídos de seus campos profissionais, com seus conhecimentos negados e suas experiências desvalorizadas, aparente consequência do processo humano de envelhecer na contemporaneidade.       Levando-se em consideração as informações supracitadas, percebe-se a necessidade de elaborar medidas efetivas quanto ao estigma para com o idoso. A priori, devem ser elaboradas campanhas governamentais que abordem sua realidade na atualidade, sobretudo acerca de suas rotinas normais, comparáveis às das outras faixas etárias, de modo a fazer com que o aparente "penhasco" entre a juventude e a velhice desapareça, frisando os prazeres da maioridade veridicamente. Além disso, projetos sociais devem garantir seu lazer e bem-estar, por meio de palestras de aceitação e cursos profissionalizantes, de modo a continuar os estimulando nos âmbitos social, fisico e acadêmico.