Enviada em: 13/10/2018

Na obra “A Velhice”, Simone de Beauvoir, filósofa e teórica social francesa, busca o entendimento da percepção dos idosos pela sociedade e defende que estes não recebem seu devido valor. Entretanto, mesmo a obra sendo escrita em 1970, pouca coisa mudou em muitos países. Nesse sentido, no Brasil, apesar de existirem legislações voltadas para essa parte da população, a negligência do Estado dificulta a valorização dos mesmos. Além disso, o descaso e o preconceito com os mais velhos por parte dos brasileiros colaboram para o impasse.       Em primeiro plano, de acordo com o Estatuto do Idoso, é dever do Poder Público assegurar às pessoas com mais de 60 anos a efetivação do direito à vida, à saúde, ao lazer, à educação e ao trabalho. Porém, na prática, devido ao rápido crescimento demográfico destes - aumento de 18% do número de idosos em 5 anos-, governos municipais e estaduais não conseguem executar a legislação. Ratificando esse fato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 56% dos longevos não recebem seu direito à prioridade no Sistema Único de Saúde e, 87% dos asilos públicos não têm atividades educacionais, culturais ou técnicas. Portanto, para se ajustar a essa realidade, urge ao Brasil atender às demandas da “melhor idade”.     Todavia, apesar do Estado ser fundamental para o bem estar do idoso, o desrespeito e o menosprezo com as pessoas da terceira idade no âmbito social e familiar, igualmente corrobora a problemática. Nesse viés, sob a ótica capitalista, os indivíduos valem enquanto são úteis, por isso, para Karla Giacomin, presidente do Conselho Nacional do Idoso, ”na sociedade moderna, os idosos são considerados um peso e discriminados brutalmente por estarem fora do processo produtivo. Assim, o período da aposentadoria se transforma em privação e dificuldade e, consequentemente, em miséria, abandono da família e solidão”. Desse modo, atrelando esses fatores à negligência estatal, o êxito dessas pessoas fica dificultado.      Em síntese,atitudes são necessárias para que,tanto na esfera política quanto na social,a valorização do idoso seja uma prioridade,não um peso. Para isto,é essencial que as Secretarias de Assistência Social dos estados e municípios devem localizar e dar apoio aos que estão em uma alta faixa etária,mas não possuem nenhum suporte familiar,através da ampliação dos serviços de órgãos que acolhem e ajudam fisicamente e mentalmente idosos,como o Núcleo de Assistência à Saúde da Família por exemplo. Ademais,é preciso que o Poder Executivo permita aos mais velhos um acesso maior ao esporte,ao lazer e à cultura,por meio de parcerias com empresas privadas,ONGs e voluntários. Com essas ações,o termo “melhor idade” sairá do papel e será uma realidade entre os brasileiros.