Enviada em: 17/10/2018

‘’Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cegos que vendo, não veem’’. O excerto do livro ‘’Ensaio sobre a Cegueira’’ de José Saramago critica uma sociedade invisual. Analogamente, tal obra se assemelha ao cenário contemporâneo, visto que o corpo social é inobservante sobre a importância da valorização do idoso, fruto da negligência governamental e a herança histórico-cultural.   A princípio, o descaso estatal é um dos principais causadores do problema. Nesse âmbito, Rosseau afirma o papel do Estado em garantias sociais, contudo, a prática deturpa a teoria, embora o Estatuto do Idoso assegure direitos à pessoa que envelhece, tal amparo é negado. Outrossim, isso se reflete na falta de efetivação das necessidades econômicas e sociais básicas que a terceira idade precisa. Destarte, é indispensável a atuação do Poder Público nesse fenômeno.     Não obstante, o enraizamento histórico perpetua no cenário desafiador. Mormente, na visão marxista o capitalismo apenas visa atender as demandas da população economicamente ativa, excluindo os idosos por não produzirem capital tanto quanto consomem. Ademais, a sociedade então, por tender a incorporar as estruturas sociais nas quais são impostas à sua realidade, conforme o sociólogo Bordieu, naturalizou e reproduziu tal preceito ao longo do tempo. Dessa forma, é preciso medidas para combater à desvalorização dessa parcela demográfica.    Torna-se evidente, portanto, que há entraves para resolução da questão. Logo, é necessário que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, por intermédio do Ministério da Fazenda, será revertido em mudanças na previdência social, por meio do aumento no benefício, com vistas a melhorar o poder aquisitivo e qualidade de vida desse público. Ademais, cabe às prefeituras criarem eventos de assistência médica e entretenimento com a participação de enfermeiros e jovens voluntários em  caminhadas em grupos, oficinas e cursos para inserção social idosa. Dessa forma, será possível combater a cegueira dita por Saramago.