Enviada em: 21/10/2018

A herança romana   Durante a antiga Roma, os idosos eram tidos como os mais sábios e experientes da comunidade; por conseguinte, ocupavam os mais altos cargos políticos romanos. Hodiernamente, entretanto, esses princípios de valorização da terceira idade não permaneceram na sociedade brasileira, visto os diversos empecilhos enfrentados. Seja na inoperância estatal, seja na conjuntura familiar, a problemática deve ser debatida.   A princípio, a omissão governamental diante da população idosa é um dos entraves. Dados do IBGE apontam que, em apenas 5 anos, a população idosa aumento quase 20%. Todavia, a quantidade de políticas públicas voltadas para esse público, lamentavelmente, não é diretamente proporcional ao seu crescimento: a ausência de ambientes de lazer e convivência, bem como projetos que visem a garantia de um envelhecimento saudável, retratam uma realidade consternadora. Ademais, o Estado, ao demonstrar suas falhas em garantir os direitos primordiais dos idosos, torna-se um dos responsáveis pela desvalorização dessa parte populacional.   Outrossim, a indiferença por parte da família também é um dos impasses no que tange a temática. O sociólogo Zygmunt Bauman caracteriza a sociedade hodierna como "líquida", ou seja, baseada em relações superficiais e no individualismo. Partindo desse pensamento, os familiares, em sua maioria estão apoiados na ideia errônea de que os idosos não apresentam mais qualquer utilidade pessoal, e tratam-os com desdém. Seja na exclusão do convívio familiar ou no abandono, a marginalização dos idosos é, lamentavelmente, exemplo da atualidade fluida e individualista apontada por Bauman.    Urgem, portanto, medidas a fim de promover a valorização da comunidade idosa. As prefeituras devem, através da criação/revitalização de praças e ambientes esportivos, promover aulas e gincanas para grupos da terceira idade. Dessa forma, além de integração social, o processo de envelhecimento poderá ocorrer de forma harmoniosa. Paralelo a isso, as mídias devem, por meio de campanhas lúdicas, disseminar os valores positivos sobre os idosos, bem como incentivar inclusão deles no âmbito familiar. Nesse sentido, o Brasil poderá romper com os paradigmas excludentes e, enfim, assimilar uma das mais nobres heranças deixadas pelos romanos: a recognição dos idosos.