Enviada em: 14/10/2017

Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista goza de uma imagem extremamente positiva do Brasil que, na opinião dele, precisa apenas de alguns pequenos ajustes para tornar-se uma nação desenvolvida. Atualmente, o país persiste com uma série de deficiências, dentre elas a maneira como a terceira idade é desvalorizada no país, problema esse que tem se destacado no cenário nacional. Esse quadro perdura, principalmente, pela inobservância do Estado somada à um estereótipo de velhice difundido na sociedade.        Primeiramente, é notorio que o a negligência do governo está entre as raízes do problema. De acordo com o economista inglês John Maynard Keynes, é dever do Estado suprir as necessidades básicas de seus cidadãos e assegurar o bem-estar destes. Contudo, o poder público vem a décadas ignorando sua responsabilidade em garantir qualidade de vida a população idosa, isso se evidencia não apenas pela escassa rede pública de saúde do idoso, mas também pela ausência, em muitos municípios, de programas sociais direcionados à terceira idade. Isso se deve, em parte, ao menor engajamento dos aposentados na política.         Além disso, a mentalidade coletiva vigente intensifica esse fenômeno. De acordo com filósofo e psicólogo alemão Kurt Lewin, o comportamento do ser humano é consequência de uma junção entre características pessoais e interferencia do ambiente. Nesse sentido, fica evidente que o motivo de muitos anciãos terem dificuldade no mercado de trabalho é porque o pensamento que ainda vigora no segmento social brasileiro é de que os idosos são menos enérgicos e possuem maior dificuldade em aprender que os jovens e, portanto, estão menos aptos que os jovens ao mercado de trabalho. Embora tal pensamento tenha fundamento, é importante ressaltar que o idoso possui maior experiência e, com isso pode contribuir ao contratante.        Denota-se, então, que o descaso com a população idosa constitui um sério desafio para o país e precisa ser combatido. Posto isso, é imperativo que organizações não governamentais e o Estado  atuem para amenizar a problemática. Às ONGs, importantes aglutinadoras da sociedade, deveram organizar saraus abertos ao público e com atrações variadas que abordem a questão do envelhecimento, com o intuito de descontruir a atual mentalidade dos brasileiros sobre o tema. Paralelamente, a sociedade deverá pressionar o governo por meio de passeatas e abaixo-assinados para que esse construa novas unidades básicas de saúde do idoso, bem como amplie a rede de academias ao ar livre voltadas a terceira idade. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.