Enviada em: 02/08/2018

O processo histórico da formação do povo brasileiro caracterizou-se através de inúmeros movimentos imigratórios, que foram fundamentais para o desenvolvimento social e econômico do país. Mesmo assim, muitas pessoas que tem buscado o Brasil como morada sofrem resistência da população local, que vê o fenômeno com receio. Além disso, o próprio Estado está falhando no que tange à absorção e à integração dos imigrantes no mercado de trabalho e, consequentemente, no corpo social. Tais posturas são incompatíveis com a realidade histórica e com o posicionamento geopolítico recente do Brasil.        Nesse sentido, o antropólogo Darcy Ribeiro expressou no livro '' O povo brasileiro '' as contribuições para a formação da identidade nacional oriundas das diversas etnias africanas, europeias e indígenas, mostrando a importância cultural e econômica da miscigenação. Dessa forma, a mão de obra europeia, que veio ao Brasil entre os séculos XIX e XX em busca de melhores condições de vida, foi importante força motriz do desenvolvimento econômico nacional, pois contribuíram para o crescimento da exportação de commodities. Também, é válido ressaltar a magnitude dos elementos  culturais africanos, tais como a capoeira, culinária e a religião, para a consolidação do que chama-se hoje de cultura afro-brasileira. Ou seja, diante de noções históricas da formação identitária do país, o ato de temer  a incorporação social do atual imigrante revela-se como ignóbil.         Além disso, o Estado brasileiro, diante das tragédias que ocorrem em países latino americanos, deve assumir a responsabilidade pelos indivíduos que saem de suas casas em busca de contextos mais propícios. Afinal, no tabuleiro geopolítico atual, o Brasil assumiu o compromisso de mediar conflitos da região, pois representa um território supostamente pacífico, comparativamente extenso e com considerável poderio econômico. Porém, tal fato não vem manifestando-se, porque não estão sendo criadas políticas públicas eficientes que visem à absorção e à garantia de direitos dos imigrantes, que muitas vezes chegam em condição de pobreza, necessitando de um emprego remunerado.       Portanto, visto que a imigração é positiva para o desenvolvimento nacional e que o Brasil é fundamental para a estabilidade da região, o Estado deve fornecer condições favoráveis aos recém chegados. Tal movimento se dará pelo trabalho conjunto entre Ministério da Cultura e Ministério do Trabalho, com fim de criar vagas de emprego especificas à realidade cultural do imigrante, isso é, construir espaços comunitários onde os imigrantes poderão receber um salário, ensinando algum idioma que dominem, ou dando aulas acerca dos costumes de seu país de origem. Assim, além de acolher os imigrantes, o Estado vai beneficiar a população brasileira, aproximando-a do diferente.