Enviada em: 23/05/2019

Destoante da realidade ideal, no Brasil contemporâneo são enfrentados muitos desafios ligados à questão da imigração. Nesse sentido, grande parte do problema tem íntima ligação com o extremismo evidenciado em diversos casos e que, como consequência, gera ódio e um cenário preocupantemente conflituoso. Além disso, os desafios associados à absorção desse novo contingente de pessoas pela sociedade, dando cidadania, emprego, moradia e outros aspectos essenciais para a garantia da dignidade humana, comprometem ainda mais o cenário, na medida em que torna a recepção de povos imigrantes por vezes inviável diante das condições do próprio país.      Dentro dessa perspectiva, em muitos casos é possível detectar conflitos pontuais que, no entanto, representam seriamente uma brutal falta de razoabilidade na tentativa de se solucionar o problema e satisfazer os interesses de ambas as partes. Nesse viés, nos últimos meses, os casos dos venezuelanos buscando refúgio ao entrar pelo estado de Roraima representam perfeitamente bem  o nível de complexidade dessa questão em função dos enfrentamentos da população local com os imigrantes em um contexto de desrespeito mútuo e agravamento da situação. Assim sendo, é preciso levar em consideração que " o extremismo delimita a fronteira além da qual a vida acaba" segundo o escritor Milan Kundera em razão da quebra com a racionalidade e da guinada rumo ao caos.       Outrossim, diante da necessidade de respeitar a dignidade humana individual, como previsto, inclusive, pela própria Constitucional Federal de 1988, é preciso, pois, atentar-se para o compromisso de entregar aos povos exilados o direito à cidadania. Diante disso, é mais que preciso notar os riscos relacionados à negligência desse compromisso com a sociedade civilizada já que, como bem assinalou March Bloch, historiador francês, "a ignorância do passado não se limita a prejudicar a compreensão do presente, compromete, no presente, a própria ação" e, por isso, historicamente, não permitir o acesso da população a princípios básicos de existência só tende a criar um futuro de instabilidades. Por isso, essa é, de fato, uma das principais preocupações a priori.      Destarte, diante dos inúmeros desafios associados à imigração para o Brasil, medidas são precisas se se quer mitigar os problemas relacionados. Para tanto, é função precípua do Estado, na figura do Ministério da Cidadania, a aferição dos casos particulares e concretos dos indivíduos imigrantes a fim de permiti-los acessar quesitos fundamentais a sua subsistência como forma de valorização da sua própria dignidade a partir da criação de secretarias especializadas em fiscalizar o cenário e prover auxílio especializado a esse contingente de pessoas necessitadas de amparo em virtude da sua frágil realidade. Desse modo, conquistar-se-á um futuro mais justo e digno para todos.