Enviada em: 24/10/2018

Na década de 1990, a apresentadora Xuxa Meneghel foi imposta a retirar um anúncio publicitário de sandálias de sua marca em que meninas eram associadas à vida adulta. Desde então, muito se tem discutido, a respeito da erotização infantil proveniente de construção histórica-social. Essa tende a engendrar múltiplas mazelas, sobretudo, acréscimo de casos de abuso sexual desse público. Logo, infere-se a relevância da publicidade na manutenção de tal quadro, haja vista que meninas são estimuladas desde pequenas a aparentar maioridade e meninos a reprimir seus sentimentos.   Advindo da Idade Média, o conceito de infância adquire notoriedade legislativa, no Brasil, a partir da outorgação do Estatuto da Criança do Adolescente. Ademais, verifica-se que a inércia social perante a temática, a impunidade dos agressores e o incentivo da mídia para que crianças sejam consideradas "mini-adultos" foram alguns dos fatores que motivaram a necessidade de novas leis; todavia, na prática, não são cumpridos. É evidente, portanto, a relevância de atualizar os docentes, com o intuito de debater a maneira de manifestação dos sentimentos infanto-juvenil.   Consoante levantamento do Sistema de Informação para a Infância e Adolescência, a cada quatro horas uma criança brasileira é vítima de abuso sexual. Nesse sentido, é de conhecimento geral que frequentemente os violentadores conhecem a rotina de suas vítimas e, inclusive, justificam suas ações repugnantes pela vestimenta dos agredidos. Dentre os fatores que influenciam a referida mentalidade, está a publicidade voltada ao público pueril, a qual dissemina a concepção de um padrão juvenil semelhante ao adulto.   Por conseguinte, cabe ao governo federal fiscalizar a ação dos meios de comunicação acerca da veiculação de imagens de crianças. Isso deve ocorrer por meio de profissionais que revisem as propagandas e a formatação de uma cartilha que aborde o que não pode conter nessas campanhas com a utilização de exemplos reais. Dessa forma, será possível mitigar a erotização infantil nas campanhas publicitárias.